Os sinônimos de preservar são defender, guardar, resguardar, blindar… O oposto são: destruir, estragar, abolir, abater, apagar, acabar… As palavras definem até mesmo as emoções. Nem é mais necessário mostrar a importância e a urgente necessidade de preservar; também vemos isso nas palavras que definem o oposto.
Uma casa, um bairro, uma cidade, um país precisam de preservação, seja da cultura, memória, arquitetura, enfim, a identidade. Preservação e conservação se transformaram em regras do mercado da construção civil. Econômico e sustentável, o “retrofit” é a palavra do momento.
Nos grandes centros urbanos, o retrofit virou febre no mercado imobiliário. Transforma prédios antigos em apartamentos, escritórios; revitaliza bairros esquecidos, praças abandonadas etc; dá novo significado a tudo; leva turismo, novos empreendimentos, novas ocupações e um resgate maravilhoso da memória, de muitos lugares que estavam desaparecendo.
Viver no futuro com a experiência do passado é o mesmo que morar em um local retrofitado, morar em apartamento novo numa construção antiga ou em casa antiga, mas inteiramente reformada, ou seja, destruir tudo para fazer algo novo ficou no passado.
Perguntamos ao arquiteto e urbanista Luciano Cavalcanti, coordenador do curso de pós-graduação de Restauração de Monumentos do escritório de arquitetura Ateliê Belmonte, sobre o retrofit. “Vivo numa cidade histórica tombada, uma das capitais do Império brasileiro. A restauração é, econômica e sustentavelmente, o caminho mais viável. Realmente é mais fácil recuperar e retrofitar e prover a tecnologia atual do que construir do zero. Vejo um movimento internacional que já está chegando ao Brasil, tendo o retrofit como um ação mais sustentável, mais viável economicamente e que gera lucro e impulsiona a economia e o turismo. Dois exemplos: o retrofit do prédio da Sul América, no Centro, e o hotel Glória, uma das construções mais icônicas do Rio e que será, dentro em breve, condomínio residencial com uma das vistas mais deslumbrantes da cidade”.
E continua: “Quando trabalho com uma construção ‘antiga’, sou incapaz de mudar a personalidade desse espaço; no entanto, consigo inserir nele todas as facilidades da vida contemporânea. Acredito que as cidades podem crescer nos seus entornos, mas mantendo sempre suas construções históricas e antigas, não só pela história como também pela sua nova função. Uma estação de trem, por exemplo, onde a linha não funciona mais, pode virar uma escola, um hospital etc. No futuro, vamos conviver harmonicamente com o passado!”