A política não é indiferente a ninguém, mais ainda nestes tempos de polarização em alta. A chegada de um novo governador sugere novas possibilidades para o meu, o seu, o nosso Rio. Marcelo Freixo (PSB) abre a nossa série “Especial Eleições”, com os candidatos mais pontuados. O vice de Freixo os cariocas conhecem bem: o ex-prefeito Cesar Maia.
Por que se candidatar ao governo do Rio?
Porque eu quero melhorar a vida das pessoas. Acredito muito no potencial do nosso estado e em especial do nosso povo. A qualidade de vida no Rio piorou muito em função dos péssimos governos que tivemos nos últimos anos, incluindo o atual, que promoveu o maior escândalo eleitoral do estado com a contratação de 28 mil fantasmas pelo Ceperj. Não é à toa que os últimos governadores foram presos ou afastados. O que aconteceu com a educação, segurança e saúde desse estado é fruto das máfias que estão no poder há muitos anos. A gente precisa mudar esse quadro. Com integridade, seriedade, vamos fazer o Rio voltar a crescer, gerar emprego e renda e vamos devolver à população do Rio aquilo que há muito tempo ela não tem: qualidade de vida.
O histórico de governadores no Rio não é nada bom. São 40 anos de governos corruptos. Já virou quase uma característica. Quais as principais diferenças entre vc e os demais?
A honestidade em primeiro lugar; nunca estive envolvido em nenhum ato ilícito. Eu venho de uma família muito simples que sempre valorizou o trabalho. Meu pai veio de São Fidélis e começou a trabalhar com 8 anos, vendendo laranja. Eu comecei a trabalhar com 15 anos, tive a oportunidade de estudar e me tornei professor – um sonho realizado. Passei 20 anos em sala de aula, fui eleito deputado estadual três vezes e, em 2018, deputado federal. Fui eleito por dois anos pelo site Congresso em Foco o melhor parlamentar do Congresso.
A fazer aliança com algum dos seus concorrentes, qual seria? Por quê?
Nós conseguimos fazer uma aliança muito ampla de oito partidos (PSB, PT, PV, PSOL, PSDB, Rede, PCdoB e Cidadania), um feito inédito desse campo progressista no Rio de Janeiro. No segundo turno, esperamos unir todos os setores políticos realmente comprometidos com a democracia e espero ter o PDT e o PSD caminhando com a gente. Mas respeitamos muito o desejo desses partidos de lançar uma candidatura própria. A eleição é em dois turnos exatamente para isso. No segundo turno, é natural que os campos se aproximem.
Das tantas tragédias atuais na vida dos cariocas, qual a que mais o comove?
Difícil pensar qual a pior. Mas é impossível não falar da fome, até porque já havíamos saído do mapa da fome e voltamos com os desgovernos do Bolsonaro e do Cláudio Castro. São quase 3 milhões de pessoas no Rio de Janeiro que acordam sem saber se vão conseguir fazer as três refeições. Nós temos um plano para acabar com a fome de forma emergencial, com a criação de uma rede de distribuição de refeições em todo o estado, por meio da contratação de pequenos restaurantes e cozinhas comunitárias. Mas isso é o emergencial. Precisamos criar oportunidades de emprego e renda para as pessoas. Falar de tragédia no Rio não tem como não falar da Educação. Caímos de quarta posição no IDEB para a vigésima. Nossas crianças passaram dois anos sem aprender durante a pandemia. Não podemos simplesmente seguir deixando uma geração para trás. Como governador, vou contratar explicadores universitários que vão recuperar esse tempo perdido. A saúde também é outra tragédia. A fila do Sisreg é absurda! Vamos contratar mais médicos para fazer a fila andar e dar previsibilidade às pessoas. E não poderia deixar de enumerar aqui a Segurança, uma tragédia tão conhecida dos moradores do estado e que vem piorando. A forma como tratam a Segurança não vem dando certo. Precisamos de um efetivo combate à criminalidade, com investimentos na Polícia para que ela possa investigar mais e retomar territórios que estão dominados pela bandidagem. Vamos criar o Gabinete Integrado de Combate ao Tráfico de Armas e vamos investir muito em tecnologia com monitoramento eletrônico.
Qual a ordem de prioridade pro senhor: educação, saúde e segurança? A saúde tem jeito?
Claro que tem jeito. Mas primeiro é preciso parar de roubar. É só ver o histórico do Rio de Janeiro, onde os governadores são presos e afastados junto com seus secretários de Saúde. A Saúde, constitucionalmente, tem recursos. O que falta é gestão e integridade. Impossível ordenar uma prioridade entre essas três áreas que são essenciais, que são as principais entregas do estado à população. Eu ainda coloco o transporte como prioridade também. Não dá para a população ter esse serviço péssimo da Supervia. Como governador, vou investir na Supervia, mas também cobrar um serviço de qualidade da concessionária. Todos os modais funcionam mal no Rio. O carioca e o fluminense estão muito mal atendidos.
O senhor colocaria um filho numa escola pública no Rio? Por quê?
Minha filha estudou todo o Ensino Médio numa escola pública.
Quais as três primeiras providências se eleito?
Aumentar o salário-mínimo regional, que está congelado desde 2019 pelo Witzel e pelo Cláudio Castro, para R$1.580. Com a inflação que tivemos nos últimos três anos, deixar o salário-mínimo congelado é criminoso. Vamos contratar imediatamente uma rede de explicadores que vão recuperar o aprendizado das nossas crianças e jovens que passaram dois anos de pandemia sem aprender e vamos atacar a fome de forma emergencial.
O que existe de tão atraente na política com tanta gente interessada nesse cargo?
Não posso falar por tanta gente, mas, no meu caso, é a vontade de servir ao público. É a vontade de melhorar a vida das pessoas, a vontade de dar um futuro para os nossos jovens, disputar cada um deles com o tráfico e com a milícia.
O que pretende deixar de mais importante ao fim de seu governo?
O meu principal legado ao fim de quatro anos eu espero que seja a recuperação da Educação. Sem Educação não temos futuro.
Que cidade citaria como exemplo? Por quê?
Maricá, que está aqui pertinho da capital e mostrou que, com boa gestão, a qualidade de vida das pessoas melhora. Poderia citar vários exemplos internacionais, até a cidade mexicana que visitei no início da campanha, Iztapalapa, que conseguiu reduzir em 60% os índices de violência em menos de quatro anos do governo da prefeita Carla Brugado. Mas eu vou ficar com Maricá que criou a moeda social, oferece saúde e educação de qualidade para a população e transporte gratuito.
E a vida cultural como anda? Qual a última peça, o último filme, o último livro?
A área cultural sofreu demais com a pandemia. Mas estamos vendo a vida cultural no Rio retomar com toda a força, apesar de pouco ou nenhum investimento dos desgovernos Bolsonaro e Cláudio Castro. Um exemplo disso é o recorde de público do Rock in Rio. As pessoas estavam com saudades dos grandes eventos, e o Rio sempre soube fazer os melhores eventos do País. Mas precisamos apoiar toda a indústria audiovisual também. Colocar a cultura no PIB. Cultura é dinheiro, traz emprego e faz a economia girar.
Última peça: “Eu de Você”, com a Denise Fraga.
Último livro: “Escravidão”, volume 2, do Laurentino Gomes
Último filme: “O Debate”, com Débora Bloch e Paulo Betti e direção do Caio Blat
O que o senhor acha de políticos que mentem?
O problema é que é tão comum políticos no Brasil mentirem que as pessoas até duvidam que é possível fazer política sem mentiras. E essas mentiras cresceram muito com o fenômeno das fakenews disseminadas em redes sociais de grande alcance. Estamos assistindo um monte delas serem desmentidas pelo TSE nestas eleições.