Começamos a série “Especial Eleições” na última semana, com Marcelo Freixo (PSB), candidato ao Governo do Rio, o segundo colocado na última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta (15/09), com 27% das intenções de voto. Neste domingo (18/09), faltando 14 dias para as eleições, o convidado é o atual governador, Cláudio Castro (PL), com 31%, no mesmo Datafolha.
Castro assumiu o cargo em 28 de agosto de 2020, depois do impeachment de Wilson Witzel, por crime de responsabilidade. Na entrevista, propositalmente, a coluna não enumerou alguns pontos do atual governo, como acusações de corrupção, optando por perguntas iguais aos três candidatos mais pontuados.
O candidato a vice-governador de Castro é o deputado estadual Thiago Pampolha (União Brasil), 35 anos, ex-secretário estadual do Meio Ambiente de Castro e que está no seu terceiro mandato na Alerj.
Por que se candidatar ao governo do Rio?
Quando assumi, há dois anos, encontrei um estado devastado: havia previsão de déficit de R$ 8 bilhões e não tinha dinheiro em caixa para pagar as últimas três folhas de pagamento dos servidores. Além disso, em plena pandemia, tudo indicava que não conseguiríamos manter os hospitais funcionando. Foi preciso construir um amplo diálogo com os municípios, com a Assembleia Legislativa e o Governo Federal, o que possibilitou o processo de recuperação do estado. Fechamos o novo Regime de Recuperação Fiscal, fizemos a concessão dos serviços de saneamento e lançamos o maior programa de investimentos, o Pacto RJ, levando obras para todos os 92 municípios, um investimento de R$ 17 bilhões. O Rio de Janeiro saiu da última posição em geração de emprego para a terceira, e injetamos mais de R$ 6,4 bilhões na Saúde. Foram mais de R$ 700 milhões na Segurança Pública, com a redução histórica dos índices de criminalidade. E isso tudo em apenas dois anos. Quero dar continuidade a esse trabalho, ver o estado crescer ainda mais. Por isso, sou candidato.
O histórico de governadores no Rio não é nada bom; são 40 anos de governos corruptos. Já virou quase uma característica. Quais as principais diferenças entre você e os demais?
Uma das características que sempre nortearam a minha vida é a sensibilidade em relação à dor do outro. O político que coloca o interesse pessoal à frente do interesse público já perdeu essa capacidade ou nunca a teve. Felizmente, dois anos após assumir o estado, tenho a alegria de dizer que continuo o mesmo, colocando o interesse da população à frente de cada uma das minhas ações e dando transparência a elas. Um exemplo disso é o portal do Pacto RJ, que informa todos os gastos do programa. Um governador precisa ter em mente que é um servidor, um agente do estado, devendo sempre prestar contas do seu trabalho, que deve ser em favor do cidadão.
A fazer aliança com algum dos seus concorrentes, qual seria? Por quê?
Apoio não se nega. Se algum concorrente entender que a nossa proposta é a melhor para o Estado do Rio de Janeiro, será muito bem-vindo.
Das tantas tragédias atuais na vida dos cariocas, qual a que mais o comove?
No meu primeiro ano de gestão, a Saúde recebeu atenção especial. E não somente por causa da pandemia, mas porque quero pôr fim ao sacrifício de pacientes do interior, muitos deles com problemas oncológicos e bem debilitados, que precisam encarar horas de viagem para conseguir tratamento na capital. Por isso, investi mais de R$ 6,4 bilhões na Saúde e estou construindo, concluindo e reformando 60 unidades, incluindo os hospitais oncológicos de Nova Friburgo e de Belford Roxo e o Rio Imagem de Nova Iguaçu. Esse é um investimento que não só beneficia o cidadão do interior, mas também permite desafogar a rede da Região Metropolitana.
Qual a ordem de prioridade pro senhor: Educação, Saúde ou Segurança? A Saúde tem jeito?
Não é possível estabelecer uma ordem de prioridade, pois são temas essenciais para a população e, caso qualquer um deles seja deixado em segundo plano, o prejuízo para o Estado do Rio será enorme. Mas a Saúde teve atenção especial no primeiro ano. No segundo, a Segurança teve seu destaque, com a ampliação do programa Segurança Presente, que já conta com 42 bases e está presente em 21 municípios, e com a valorização dos policiais, que agora têm um dos melhores salários do País. São medidas que vêm contribuindo para a queda dos índices de violência do estado. O primeiro ano do próximo mandato será da Educação.
O senhor colocaria um filho numa escola pública no Rio? Por quê?
O nosso desafio é trabalhar na busca constante para oferecer uma educação de qualidade para o filho de quem quer que seja, incluindo os meus. Temos um desafio, que é trazer o aluno de volta após a pandemia e criar um sistema mais atrativo, que permita que o aluno saia preparado para conseguir um emprego. E estamos fazendo isso com as Etecs, as escolas tecnológicas. Estamos investindo na Faetec e vamos avançar na valorização do profissional da Educação para que possam cuidar dos nossos filhos.
Quais as três primeiras providências se eleito?
A prioridade é uma: manter o estado nos trilhos, investindo em infraestrutura, valorizando o servidor e, com transparência, manter as contas em ordem. Caso reeleito, também quero pôr em prática a melhor política social que existe: a geração de empregos. Vamos continuar facilitando o acesso ao crédito pela AgeRio, que já beneficiou 32.708 empresas, com R$ 806 milhões em linhas de créditos, e manter os olhos abertos para a política tributária, característica que já permitiu a diminuição da alíquota dos combustíveis, da luz e da telefonia, além de produtos em que zeramos o tributo, como arroz e feijão. Nossa gestão já contribuiu para a criação de mais de 360 mil vagas de trabalho. Quero chegar a 1 milhão de empregos formais.
O que existe de tão atraente na política, com tanta gente interessada nesse cargo?
A minha motivação para concorrer é a mesma que me fez ingressar na política: fazer mais pelas pessoas que mais precisam.
O que pretende deixar de mais importante ao fim de seu governo?
O legado que pretendo deixar é um Rio de Janeiro mais justo para quem mais precisa, seguro para todos e um interior mais forte, com mais saúde, educação, infraestrutura e, mais uma vez, com capacidade de gerar empregos. Quando o meu trabalho estiver concluído, quero que o João Pedro e a Duda, meus filhos, tenham orgulho do que construímos e vamos deixar para os cidadãos do Estado do Rio.
Que cidade citaria como exemplo? Por quê?
Quando assumi, trouxe cada um dos prefeitos dos 92 municípios para perto do meu governo, o que foi fundamental para dar início à recuperação do estado. Mas, pensando que tenho que escolher, vou citar Cambuci, onde vivi parte da minha vida e a cidade pela qual tenho um carinho especial. Passei ali uma parte muito saudosa e importante da minha vida.
E a vida cultural como anda? Qual a última peça, o último filme, o último livro?
Todos sabem que sou um apaixonado pela Cultura. Atualmente, no entanto, destino o pouco tempo que tenho em casa para ficar com a minha família. Como músico, é claro que gostaria que a minha vida cultural estivesse muito mais movimentada, mas tudo tem o seu tempo. As últimas produções a que assisti foram as que me permitiram compartilhar bons momentos com a minha esposa, Analine Castro, e meus filhos.
O que o senhor acha de políticos que mentem?
Sou um homem que preza muito pela palavra; agora, é claro que muitos políticos não agem assim. Muitos deles, inclusive, mentem ao falar sobre as convicções que defenderam ao longo de toda a vida, apenas para ganhar votos. Isso é vergonhoso!