Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta, assim dizia Mário de Andrade; no entanto, o poeta segue com “Mas algum dia toparei comigo”. Dessa forma, a atriz e cantora Clara Santhana desenvolve um espetáculo no qual se apresenta como várias Marias importantes na constituição da brasilidade. E ao final, o que se vê é como uma mulher talentosa mostra a força da mulher em nossa nação.
Conhecida por personificar Clara Nunes no musical “Deixa Clarear”, agora, ela evoca sete mulheres. São figuras históricas, como Maria Bonita e Maria Felipa de Oliveira (que lutou na Conjuração Baiana, em 1798) e Marias que se tornaram divindades em cultos de origem brasileira e matriz africana, como as Marias Molambo, Navalha, Quitéria e a mais conhecida delas, Maria Padilha, amante de um monarca no antigo reino de Castela.
Clara idealizou e pesquisou o projeto e escolheu Patricia Selonk, uma das mais respeitadas atrizes da sua geração, como diretora. Patrícia, em seu primeiro trabalho, consegue equilibrar todas as diferenças exigidas pela dramaturgia de Márcia Zanelatto. São mulheres de diferentes épocas, lugares sociais e geografias. A música funciona como elemento integrador em canções, como “Olha, Maria”, música de Tom Jobim letrada por Vinicius de Moraes e Chico Buarque, e “Saias e cor”, parceria de Ana Costa e Zélia Duncan. Misturam-se a ladainha e pontos e louvores às entidades religiosas, como “Arreda homem” e “Pra ser rainha”, ambos de domínio público. Um dos temas é a inédita “Brinca, Maria”, composta pelo professor Luiz Antônio Simas, um dos mais respeitados estudiosos do samba e da africanidade no País.
Serviço:
Teatro Gláucio Gill (Praça Cardeal Arcoverde, s/n, Copacabana)
Sexta a domingo, às 20h