Você já parou para analisar a sua vida e se perguntou se realmente estava indo pelo caminho certo? Isso aconteceu comigo depois de 10 anos trabalhando em grandes escritórios e em uma empresa multinacional.
Com uma carreira muito bem-sucedida, sendo bem remunerada e tendo um futuro promissor, qualquer pessoa que soubesse da minha decisão de sair do Direito para entrar na faculdade de Gastronomia questionaria a minha sanidade. Mas o sentimento de que algo não se encaixava estava presente em mim e eu conseguia escutar uma voz interna insistindo em me dizer que aquele não era o meu melhor caminho. O que seria da vida sem riscos? Eles também fazem parte.
A partir da análise que comecei a fazer, foi possível me desconstruir como profissional e conhecer mais sobre mim mesma, mesmo sem ter a certeza de qual caminho eu seguiria. O que jamais imaginaria era que aquela menina, que era piada na família por não saber cozinhar nada, iria decidir seguir carreira na área gastronômica.
Cozinhar nunca foi o meu forte, mas eu sempre adorei comer, apreciar os sabores e conversar ao redor da mesa, como uma espécie de ritual. Um dia, caiu a minha ficha: está aí a solução; eu preciso trabalhar com isso. A insegurança tomou conta: como trabalhar com gastronomia se eu nem sequer sei fazer um prato?
Pedi demissão e, aos 31 anos, comecei a faculdade de Gastronomia. No primeiro dia de aula, me vi rodeada de pessoas na faixa etária de 17 a 20 anos, contando que sempre tiveram a cozinha muito presente na vida, ouvindo frases, tais como: “fiz meu primeiro bolo aos cinco anos”; “ajudo minha mãe no buffet desde os 15”; “trabalho no restaurante do meu pai desde sempre”. E eu, sem ter o que dizer, me questionava o que fui fazer ali.
O arrependimento já estava batendo, porém retornar ao emprego anterior não era uma opção. Tinha a certeza de que não pegaria bem, principalmente porque a notícia da minha demissão tinha sido muito divulgada e já estava conhecida como “aquela que largou tudo para seguir seu sonho”. Hoje tenho muito orgulho desse título.
Seis meses depois, estava dando aula para um grupo de amigas sobre como fazer risoto e, agora, estou com o curso “Chez Manu Todo Dia”, todo repaginado, após o sucesso com mais de 700 alunas no ano passado.
O curso online promete resolver, de uma vez por todas, a alimentação da sua família, com menus semanais de almoço e jantar, uma aula de zoom por mês com receitas temáticas, lives a cada 15 dias com a proposta de preparo de lanches e bolinhos saudáveis, uma receita nova a cada duas semanas e um grupo no Telegram para tirar dúvidas.
O Chez Manu Todo Dia não é um curso de culinária — é para a dona de casa com a alimentação de cada dia. Grande parte do público trabalha fora e não tem tempo de ficar organizando o que vai ter para o almoço e para o jantar. Toda sexta da semana anterior, envio um cardápio por e-mail, a lista de compras. Todos os itens têm vídeos completos e práticos, para aprender do zero, além de outros mais curtinhos, direcionados àquelas que já têm experiência na cozinha.
Para cada ingrediente, eu trago, pelo menos, quatro ou cinco modos de preparo diferentes, tendo, por exemplo, como ingrediente em destaque, o brócolis. Ensino a fazer brócolis comum com alho e limão; purê de ervilha com brócolis e hortelã; brócolis americano assado; suflê de brócolis; brócolis americano cozido e gratinado com queijo de cabra; farofa com talos de brócolis, e por aí vai. Isso funciona para todos os alimentos sugeridos.
Dei aula de culinária por mais de dez anos; para mim, é fundamental ouvir o feedback de quem acredita em nosso trabalho. Por isso, estou sempre aberta a novas ideias no intuito de incrementar o curso.
Manu Biar: chef e professora de culinária. Formou-se em Gastronomia na Estácio, no Rio, e dá aulas há 10 anos. Durante a pandemia, criou o Chez Manu Todo Dia, com aulas totalmente online, e já está indo para a segunda edição.