Desde a explosão de “O Canto Livre de Nara Leão” (ela faria aniversário nesta quarta, 19 de janeiro), na Globoplay, a maioria das pessoas anda curiosa para saber a razão da ausência de sua única irmã, Danuza Leão. A colunista, de tão ausente, mesmo sem a gente ver, virou presença forte no documentário. Em conversas aqui e ali, lá e cá, surgem os mais variados palpites. Ao contrário de tantos de nós, que descobrimos não conhecer o tamanho de Nara Leão, Danuza sempre soube. E por que não quis falar?
“E você me pergunta, curiosa, a razão pela qual não dei meu depoimento no maravilhoso documentário de Nara. Foi assim, desde que, tempos atrás, Sérgio Cabral (pai) me pediu que falasse sobre Nara (para o Museu da Imagem e do Som). Como irmãs, tínhamos conversas íntimas, claro. E existe algo mais pessoal do que duas irmãs que dormem no mesmo quarto? Lembro-me do que disse a Sérgio, que foi a mesma coisa que repeti ao diretor Renato Terra: ‘De nossas confidências, não vou falar; da vida profissional, vocês sabem melhor do que eu’. Nara fez igual: jamais disse nada sobre mim. Vemos Nara, hoje, no documentário, corajoso, abrindo os caminhos para a MPB e para si própria, Nara amiga, Nara cheia de opiniões, Nara linda, muito linda, e aqui vai uma meio-intimidade: eu morava em Paris, e quando vim pela primeira vez ao Rio, nessa noite estreava o espetáculo “Opinião”, com Nara como estrela. Foi um susto, mas me acostumei; tive que me acostumar, até porque foi assim a vida inteira. Há muito tempo, eu não chorava, mas, vendo o documentário, não deu para segurar. Minha irmã, Narinha”.