Chega o Ano Novo. Começamos a fazer planos, mudar rumos, refazer conceitos e ter novos olhares. É muito comum fazermos uma retrospectiva daquilo que deu ou não deu certo e começar com promessas de mudanças — pequenas ou não. É uma tradição.
Inclusive, já temos experimentado algumas delas nestes novos tempos, como a forma híbrida de trabalhar e o surgimento do “metaverso”, o mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais, um espaço coletivo e virtual compartilhado que pode levar-nos a uma nova forma de relacionamento com o mundo.
E como a casa física se comporta diante de todas essas mudanças? Ainda mais quando resolvemos mudar de imóvel, lugar ou país? Mesmo que o mundo tecnológico avance, ainda precisamos ter esse universo físico. Quando mudamos de país, por exemplo: do que não podemos abrir mão, quais as memórias afetivas que ficam conosco para sempre e o que incorporamos com facilidade e que nos traz a sensação de que estamos morando em outro lugar do mundo, mas que também nos abraça?
É na nossa casa que colocamos todas essas referências. Para nós, arquitetos, ao entrarmos num espaço, é quase imediato ver, através da ambientação (principalmente, quando é espontânea), todas essas memórias e afetos nos objetos, no design, nas cores etc.
A advogada e estrategista digital carioca Fernanda Mac Dowell (criadora do Treinamento Expert em Vendas e do podcast “A Verdade Vende”) se mudou para Nova York com duas malas, em 2017, e por lá fundou a empresa Nanda Mac Vendas, que hoje é um sucesso em todo os EUA. “Quando me mudei e fixei minha vida em Nova York, minhas prioridades mudaram, assim como meus valores. Hoje me sinto mais responsável pelo meu futuro e vivo mais com o pé no chão. Penso muito mais antes de gastar, tenho consciência do desperdício, preocupo-me com a sustentabilidade, a procedência, com a ecologia e o valor de tudo. Gastar dinheiro é uma responsabilidade muito mais séria; antes, não havia essa consciência. Também não tenho apego a coisas materiais. Para mim, mudar de casa é uma rotina — não levo tanta bagagem para lugar nenhum. Tenho meus apegos afetivos, lógico, adoro o design brasileiro e sinto uma satisfação enorme em possuir cadeiras do Sérgio Rodrigues e móveis vintages.”
E continua: “O maior valor que trouxe do Brasil são as pessoas da minha família, meu cachorro e amigos que sempre me visitam. Valorizo o conforto e o bem-estar em casa, um desejo típico do nova-iorquino. O que mais está valorizado aqui, agora, é o aconchego, e disso não abro mão. Minha casa é para ser usada, me jogo no sofá, e não existem não-me-toques… Tudo na minha casa é para ser vivido por todos que a frequentam. Detesto casas formais, que não podem ser usadas. Isso já era, é antigo e não combina com o novo mundo.”