O sofrimento alheio sempre me atingiu, e isso não tem nada de mérito, de jeito nenhum, não passa de uma patologia. Um psiquiatra amigo me falou que na França já existem estudos adiantados sobre o tema. De minha parte, não paro de pensar no diagnóstico. E quando penso em diagnóstico, lembro-me imediatamente do valor da Medicina, que automaticamente puxa à minha cabeça e, acho eu, de todo mundo, o que teria sido de nós sem os médicos e os profissionais da área com a covid-19 no nosso calcanhar destruindo tudo.
E aí surge em meu pensamento o Marcelo Queiroga, nosso ministro da Saúde, por algumas razões: a primeira é que se ele tem algum espírito médico, ainda que tímido, sofreu (olha a minha patologia) muito nesta sua estada em Nova York, por estar profundamente arrependido de ter embarcado no avião presidencial rumo àquela cidade, nesse inesquecível 19 de setembro, no meio da pandemia, sem ter absolutamente nada a fazer lá; segunda, pelo vexame de ter mostrado aquele seu pequenino dedo (que ele deve julgar grande) para o mundo. A gente sabe o que significa, mas naquela data a perplexidade com o gesto foi muito grande.
Uma amiga chegou a perguntar se eu achava ser o óbvio a única explicação ou algo daquela situação não estaria ao nosso alcance! Fui pesquisar no Google e achei: “Dedo do meio. Quer dizer que a pessoa está com falta de sexo, que não tem um homem ou uma mulher pra matar a vontade… então um cidadão bem educado, vai lá e mostra o dedo do meio como se dissesse: se você não tem em casa toma meu dedo emprestado”. Na hora pensei, não é isso que ninguém quer do ministro da Saúde, antes mesmo de desejar que ele use melhor seu dedo curtinho, seja para o que for.
Terceira razão: sozinho, isolado, num quarto de hotel novaiorquino, surgem reflexões de todo tipo para qualquer um (quais seriam as dele?): quem de nós não para de pensar, diante dos últimos acontecimentos, o que o ministro da Saúde vai fazer com o caso Prevent Senior, sua primeira grande agenda na volta nesta segunda (04/10) ao Brasil? O que ressoou no ouvido interior de Queiroga, envergonhado, retraído, ainda com uma certa ressaca da Covid, ao ter olhado a estátua da Liberdade? Ah, a liberdade! Aproveitando a ocasião, poderia, talvez, ter respondido assim a uma pergunta que os americanos costumam fazer: “Eu tenho o que você precisa”? Sugestão para o Queiroga: “Um crucifixo”. Para estes próximos dias. Pode se deparar com algum vampiro sem estar prevenido.