Na era online, a casa também pode ser vista como uma plataforma. Cada espaço se conecta numa relação de troca, de consumo e de subsistemas interligados, com uma definição bem atual e tecnológica, bem mais fácil de ser compreendida e absorvida pela nova geração.
Mas como isso modifica, na prática, o conceito clássico de uma casa? Quase nada, sendo o único dilema a exposição ou preservação do espaço com as redes sociais. Vivemos uma dicotomia entre propriedade privada e a exposta, aquela que se torna quase pública colocada nas redes em tempo real.
Obviamente, expõe a casa quem quer, mas, com as lives, reuniões e interações virtuais, a exposição focada nos hábitos triviais abrangem onde vivemos. Essa nova forma de viver torna a casa muito mais vulnerável e, ao mesmo tempo, real. Tirar fotos ou filmar um espaço impecavelmente arrumado, com design de última geração, também não mostra, digamos, uma realidade do uso diário. Vivemos entre a realidade e a ficção.
O importante é manter o equilíbrio quando formos postar as interfaces da “plataforma” casa e também ambientar, decorar e arquitetar com o mesmo equilíbrio.
Perguntamos à Eduarda Concesi, advogada especializada em Direito Penal e Digital, sobre o novo conceito da casa online.
“No contexto atual de hiperconectividade, até nossas casas podem se tornar ‘inteligentes’. Câmeras de segurança controladas por wi-fi, fechaduras que não precisam de chaves, assistentes virtuais que obedecem a comandos de voz, dispositivos que regulam luz e temperatura ambientes, geladeiras que nos avisam quando o leite acabou e até fazem a lista de compras do mercado. Esse cenário futurista já é realidade há anos; isso tem aspectos positivos e negativos”.
E continua: “Embora seja tentadora a ideia de uma casa supermoderna e automatizada, não podemos esquecer que o lar é, antes de tudo, um espaço íntimo, e alguns mecanismos podem apresentar fragilidades que põem em risco nossa privacidade. Não é impossível que sistemas sejam acessados de forma indevida e o invasor obtenha informações valiosas sobre nosso dia a dia. Por isso, é importante sempre atentar para as opções que ofereçam mais segurança.”