Iniciei minha carreira há 20 anos, no CEBRI. À época, tive o privilégio de ser apresentada ao “think tank” pelo saudoso chanceler Luiz Felipe Lampreia, seu fundador e presidente (hoje, o Conselho Curador do CEBRI é presidido por José Pio Borges).
De lá pra cá, passei por instituições, como o Council of the Americas, em Nova York, e o Conselho Empresarial Brasil-China, até chegar à posição que ocupo hoje, como primeira mulher CEO do CEBRI, o “think tank” referência em relações internacionais.
Em 2015, voltei ao CEBRI como diretora-executiva; desde então, casei e tive meus três filhos. Ao mesmo tempo, ajudei o trabalho de transformação desta instituição, que admiro há tanto tempo e continua sendo das mais
reputadas na América Latina.
Meu avô, o professor Antônio Dias Leite, dizia que as pessoas mais ocupadas são as mais eficientes, pois não têm tempo a perder. Com isso em mente, para conciliar vida pessoal e profissional, busco, cada vez mais, a boa gestão do tempo. Aprendi a olhar sempre à noite o que será o dia de amanhã, ajustando minhas prioridades, avaliando onde posso otimizar o tempo. A otimização da agenda me permite até continuar cultivando a minha paixão, a fotografia.
Quando voltei ao CEBRI, não faltou ocupação: expandimos as frentes de trabalho, associados e parceiros, transformamos o perfil da equipe, mudamos de sede, e o resultado veio na forma de desenvolvimento acelerado.
Desde a sua fundação, o CEBRI promoveu uma reflexão voltada para acadêmicos, diplomatas e empresas. A sociedade civil chamou nossa atenção para a necessidade de ampliar o alcance e a influência de nossas iniciativas para um público maior, que demanda cada vez mais conteúdo de qualidade na Internet.
Em 2020, a pandemia e a repentina mudança na forma das relações sociais foram os sinais que faltavam para abrir o conteúdo do CEBRI na Internet, aproximando-o, cada vez mais, de uma sociedade que se informa de forma dinâmica. Logo em março de 2020, migramos todos os debates que aconteciam em formato reservado e presencial para o ambiente online, facilitando o acesso ao público qualificado.
Acreditamos que, mesmo após a pandemia, esse formato deve permanecer, de forma híbrida — adequou-se bem à natureza da instituição.
O prestígio e o engajamento das conselheiras e conselheiros trouxeram nomes conceituados para debates de alto nível. Ampliamos, ao mesmo tempo, a representatividade feminina em nosso Conselho Curador.
Nosso canal tem hoje uma galeria ampla de debates, atraindo a atenção de um público interessado nas dinâmicas das relações internacionais, incluindo, cada vez mais, um público jovem. Nos últimos dois anos, tivemos um crescimento expressivo nas mídias sociais, onde temos mais de 50 mil seguidores.
Com o nosso primeiro curso online sobre a história da diplomacia brasileira, percebemos a renovação do público. Foi um sucesso: tivemos mais de 1.600 inscritos, de todos os estados brasileiros e de 27 países, sendo mais da metade entre 18 e 25 anos. Foi a confirmação de que dialogar, e disseminar o que fazemos, é o caminho certo.
Nesse último ano, mostramos quanto o uso de novos meios de transmissão de conteúdo é importante para compartilhar o capital intelectual do CEBRI com a sociedade. Reunimos, em debates virtuais, intelectuais dos mais diversos cantos do Brasil e do mundo, contribuindo para democratizar o acesso ao conhecimento e ampliar o diálogo.
O desafio atual é pautar o debate sobre a política externa brasileira nas próximas eleições. Em 2022, lançaremos uma agenda temática em diferentes frentes de atuação, para contribuir com o desenvolvimento do Brasil em questões estruturais e prioritárias.
Tenho a convicção de que o que tornou o CEBRI mais próximo da sociedade civil foram as pessoas que abraçaram essa transformação. Somos uma rede cada vez mais sólida e plural, que partilha o compromisso do Conselho Curador com o Brasil e sua melhor projeção e inserção no cenário internacional.
Julia Dias Leite é formada em Direito pela Cândido Mendes, com MBA em Gestão de Negócios Internacionais pela FGV. É CEO do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) desde 2015, primeira mulher a ocupar esse posto.