Em nossa sociedade, as pessoas, como baratas tontas, vivem procurando encontrar sua verdadeira essência. A procura — em religiões, seitas, rituais, princípios filosóficos, dietas, caminhos, relacionamentos — nem sempre produz algum resultado. A angústia aumenta, diminui, mas nem sempre se resolve. E podemos imaginar como é interessante a trajetória de uma mulher que, há 150 anos, procura encontrar um caminho. Essa é a história da peça “Helena Blavatsky, a voz do silêncio”.
Helena Blavatsky é o resultado de uma antiga e bem-sucedida parceria entre a autora/atriz Beth Zalcman e o diretor Luiz Antônio Rocha. O texto da filósofa Lúcia Helena Galvão faz com que a personagem conte a sua história, de forma cronológica, e como conseguiu realizar uma trajetória para o momento histórico e a sociedade, de forma corajosa e inusitada, tendo morado, inclusive, no Tibet, durante três anos.
A forma escolhida por Luiz Fernando e Beth é um enorme acerto, pois tudo é feito como uma pintura que se movimenta, com as limitações da tela digital funcionando como moldura. A iluminação, inspirada nos efeitos esfumaçados do Impressionismo, também atende à questão espiritual, que sempre pensamos como algo difuso. Dois coelhos numa cajadada é algo raro de encontrar.
A interpretação de Beth se torna um manancial de tons, assim como um bom quadro onde temos pontos brilhantes, sombrios, longe/perto, destaques, detalhes que crescem – uma composição de figura/fundo onde a personagem é explicada, sem observações, além de contar os fatos e exprimir os sentimentos. Se Helena criou a Teosofia como princípio, Beth e Luiz Antônio confirmam que fazer um belo espetáculo é sempre uma grande criação.
Serviço:
“Helena Blavatsky, a voz do silêncio” — Apresentações virtuais
De 22 de agosto a 28 de setembro, domingos às 19h30 e terças-feiras às 20h