Tudo que se fala de Guimarães Rosa, ou simplesmente Rosa, é a sua invenção de linguagem, a maneira pela qual descreve os sertões do Brasil, os tipos que inventa, a forma de nomeá-los. Acima de tudo, Rosa nos aponta um Brasil profundo, com uma humanidade dentro do universo cotidiano rara, pungente, que sempre nos surpreende. Em “Riobaldo”, em cartaz no Teatro Laura Alvim e na Plataforma Funarj em Casa, Gilson Martins, adaptador e ator, resolve contar a vida amorosa do principal personagem de “Grande Sertão: Veredas”.
Em um belo figurino característico do brasileiro (chapéu de palha, linho, alpercatas), Gilson senta-se em um banco e começa a contar sua história de jagunço, que é o pano de fundo para o seu relacionamento com Diadorim, um outro aprendiz de jagunço. Como Quixote e Pança, percorrem o sertão, guerreiam com os inimigos, desafiam a natureza, o rio e os homens.
A interpretação de Gilson, a forma como fala as palavras, o tom de emoção, a leve prosódia, o que ressalta no texto, as pequenas pausas, o sorriso de meia-boca, o gesto contido, um jeito tímido mas firme, trazem um novo Riobaldo: um homem que hesita, mas que tem coragem; um homem que é expansivo na luta, mas tímido com as mulheres.
É desse Brasil seco, grande mas pequeno universal, mas local, tropical mas deserto, que vemos desfilarem as mulheres, os amores de Riobaldo, um homem, que no recorte da peça, se faz menino, humilde, temeroso dos gestos afetivos, mas corajoso certeiro e objetivo quando maneja as armas. Também vemos que a história de Riobaldo não é a metáfora do menino que vira homem, do jagunço que vira chefão. É a mais linda história de amor, pois é a paixão pela essência, pelo que mostramos de nossa subjetividade, assim como fez Diadorim. Confira.
Serviço:
Teatro Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176Av. Vieira Souto, 176)
Tel: (21) 2332-2016
Sextas e sábados, às 19h