Existe um momento de pura mágica que pode acontecer olhando-se uma paisagem, uma obra de arte. Pode ser imaginar-se voando ou ser transportado para um outro lugar. A alteridade nos enche de alegria, praticamente êxtase – novas portas que se abrem, novas percepções. A partir de abrir-se uma janela, veem-se outras coisas, inclusive sobre nós mesmos. É desse sentimento que parte “Transe”, um experimento cênico que une as linguagens do teatro e do cinema.
Com roteiro de Pedro Henrique Lopes e direção de Diego Morais, “Transe”, em apenas 24 minutos, consegue contar uma história densa, que explora o conflito básico da humanidade. O sujeito nunca é único, jamais é um apenas, e não temos um lado só: somos uma forma de Médico e Monstro, de Batman e Coringa, de Bandido e Mocinho. De forma simples, o roteiro de Pedro Henrique é capaz de mostrar, em imagens, nos diálogos, como João (Pedro Henrique Lopes), um jovem tímido, cria um alter ego Nicolas (Oscar Fabião), um “michê” extravagante e cheio de luxúria.
Explorando a vista espetacular de um apartamento localizado em Santa Teresa, único onde se vê a Baía de Guanabara e ao fundo o Pão de Açúcar, que se torna um elemento de alto significado ao mostrar que existe a liberdade do mar, a beleza do morro em contraste com a limitação e a escuridão da noite. A fotografia, de contrastes, delineia também os corpos dos dois atores, no chamado jogo do claro-escuro, que ressalta, esconde, mas explicita que se fala de pele, corpo como expressões do que vai mais fundo nas pessoas.
Serviço:
Até 18 de julho, 24h por dia
Ingressos: gratuitos, com retirada pelo Sympla (https://www.sympla.com.br/ transe__1226473)