A incrível transformação que a arte proporciona abrange quase todos os setores da nossa vida. Aprender a apreciar arte inclui absorver o conteúdo, querer entender e contextualizar o momento e a ideia. Não existe quem não modifique seu olhar sobre a vida quando desperta esse interesse.
O poder da arte existe desde os primeiros desenhos nas casas primitivas, nas paredes das cavernas, inicialmente, como registro, marca, lembrança de feitos e a necessidade de expressar o cotidiano. Na verdade, quem poderia saber o que se passava na cabeça do homem das cavernas quando pintavam antílopes, búfalos e pessoas? E é justamente essa curiosidade, esse mistério que nos interessa, emociona e nos faz apreciar ou não a arte.
Muitas vezes, criamos uma retórica para tentar explicar e desvendar o segredo de cada obra; isso torna a arte ainda mais interessante. Se, nas paredes das cavernas, ela transformava e dava graus de hierarquia, hoje, em nossas casas modernas, isso pouco mudou. Continuamos levando a arte mudar, marcar, criar uma identidade conosco ou com a nossa casa e, principalmente, para nos emocionar. A escolha da arte é tão particular, que mesmo aqueles que procuram uma obra apenas pela valorização determinam o olhar de quem a possui.
A arte não segue padrões — pode combinar ou não com os tons da casa, e nada disso tira o olhar pessoal de quem está por trás dessa aquisição. Quanto maior a liberdade na escolha, maior a autenticidade na colocação dessa peça. Adoramos quando um projeto fica pronto e vemos as preferências do dono nas paredes, o que os emociona e os representa.
Perguntamos à curadora independente Gabriela Davies, considerada um prodígio no cenário da arte contemporânea (atualmente fazendo residência na Residency Unlimited, em Nova York), o que é a arte em casa. “Quando se constrói uma casa, você cria um reflexo de si — são suas escolhas, memórias e personalidade. A arte, ao ser feita, transporta a personalidade e traços do (a, x…) artista, e trazê-lo para dentro de casa é abrigar um portal para uma percepção nova/distinta da sua.”