Rubem Fonseca cuidou da sua árvore, na Praça Antero de Quental, até perto da sua morte, em abril do ano passado. O escritor acompanhava, com muito amor, cada fase do ipê-roxo, que mudou de lugar com as obras de construção do metrô (aquele, o mais caro do mundo), em 2012. Hoje, ela anda assim, escorada em pedaços de pau, para não cair. Nem o vento carioca deste junho frio a atinge, de tanto mato em volta. Talvez, de tão largada, anda esquecida: ninguém da área lembrava mais que o Rubem Fonseca tinha uma árvore.
Numa pesquisa entre florista, dono de banca, vendedor de loja, nenhum deles tinha ideia, até aparecer Roberto, o guardador de carros, que sabe de tudo ali. Era Roberto quem molhava e capinava, o que acontecia mais ou menos a cada dois meses: “Sempre que eu limpava a árvore, ele me dava entre R$100 e 200”, lembra Roberto. Perguntado se tem saudades de Rubem Fonseca, responde: “Como não vou sentir falta de uma pessoa dessas?”