Assim como outrora a infância era risonha e franca, a noite do Rio também o foi. Existem fatos, lugares, pessoas que, como a bolsa Chanel, são atemporais — não caem de moda e continuam a existir, com força, na memória, no coração e, sobretudo, nas conversas. Em 1976, no segundo andar de um shopping, em um bairro totalmente residencial, com curtíssima duração de quatro meses, aconteceu o fenômeno/a boate chamada, no termo então a nascer, “The Frenetic Dancing Days Discotheque”.
Com enorme coragem e competência, Nelson Motta, o principal idealizador, juntamente com Patrícia Andrade, roteiriza a gênese e os acontecimentos que fizeram dele mesmo, Nelsinho, e seus sócios, Scarlet Moon (jornalista), Leonardo Netto (ator), Dom Pepe (DJ) e Djalma Limongi (produtor), os verdadeiros precursores de um novo estilo de vida.
Sob a criativa e competente direção de Deborah Colker, 16 atores e sete bailarinos realizam, com muito talento, tudo aquilo que um musical exige: personagens definidos, canto de primeira linha e números de dança com coreografias e atuações jamais vistas em palcos brasileiros. Para afirmar a história de uma discoteca, a opção foi desenhar números que brinquem com a forma de dançar à época, mas transformem o palco em um espetáculo de ballet digno dos grandes conjuntos, pelo impressionante entrosamento do grupo.
O cenário/direção de arte de Gringo Cardia e a iluminação de Maneco Quinderé aumentam, ao trazerem luz e mais luz, a criatividade dos figurinos de Fernando Cozendey e o visagismo de Max Weber. É uma mistura de ficção e realidade, evidenciada na personagem de D. Daisy (invenção), e a formação do grupo das Frenéticas que cria o diálogo e a interação entre plateia e palco. Além da impecável trilha sonora, de unânimes sucessos, o que se vê é muito mais que a história de uma discoteca ou um recorte de uma época.
Serviço:
www.espetaculosonline.com