Há várias maneiras de se procurar prazer: olhar o céu, comer um bombom, dar uma risada, encontrar pessoas; namorar, sexo… Como em toda busca, acontecem subterfúgios, sonhos, mentiras, expectativas, decepções. Às vezes, é fugaz, é rápido, acontecem entre iguais, é mais do mesmo, ou surge mesmo nas diferenças. E muitas vezes, proibido, perseguido, assassinado. É desse universo que se constroem as duas histórias de Entre Homens.
Dirigidas por César Augusto e com texto de Rogério Correa, vemos um talentoso e belo exercício de se misturarem linguagens, encontrar novas soluções, centrados naquilo que é constitutivo do teatro: ator, direção e texto. Rogério Correa conta duas histórias com tramas totalmente diferentes: a primeira — “Conectados” — é um romance via aplicativo entre dois homens, um brasileiro mais maduro e um possível jovem nigeriano. A segunda, “Por Amor”, é o processo de um escritor escrevendo um texto sobre os sentimentos de um pai sobre o horror das famílias na Chechênia, quando são aconselhadas pela polícia a matar seus filhos gays.
“Conectados” é uma obra com todos os elementos possíveis de uma narrativa audiovisual. Grafismos, desenhos, HQ, trilha sonora, cores, efeitos permitem que se vejam, em quadro, as pessoas reais, os avatares, os recortes, aquilo que é pensado, desejado, suspirado. Os atores Márcio Nascimento, Alexandre Mitre, Lucas Popeta e Thadeu Matos são os reais e a base dos avatares. Eles se amalgamam, misturam-se para mostrar que a busca desse prazer é totalmente fake, como são as construções digitais.
“Por amor” é o monólogo, realizado ao vivo, que encena os diálogos entre pai e filho, mas também com as interferências do digital. A atuação de Isac Bernat torna-se preciosa pelo cometimento ao transmitir a situação limite que é retratada. Em ambos os textos, vemos como a mão forte do outro, da censura, da perseguição é ainda mais forte e pesada quando se trata de LGBT+: como se o prazer e o amor fossem obrigados a ter regra e lei.
Serviço:
Sexta, sábado e domingo às 21 h