O mundo do “era uma vez…” é puro encantamento. Personagens não têm idade, gênero, classe social – todos são livres para executar suas proezas, realizar sonhos e cumprir a trajetória do herói. E, ainda melhor, quando há alguém para contar a história, dar cor e luz ao que se lê, fazer as vozes, criar emoções. Essas são essências de “Ventaneira — a cidade das flautas”.
A peça é idealizada, escrita e interpretada pela atriz, bailarina e autora deficiente visual Moira Braga. No começo, somos apresentados à Pipa, personagem-narrador-contador, na pessoa de Maira, e à Cafifa, que é, na verdade, o intérprete de libras. Conforme a história vai acontecendo, as possibilidades da narrativa audiovisual enriquecem bastante o que acontece em Ventaneira, a cidade de Rudin e Pablo que, com a ausência dos ventos, perde as pipas e as flautas. A missão dos meninos é recuperar a alegria.
“Eu não queria que a acessibilidade fosse uma coisa à parte. O roteiro constrói uma narrativa junto com a audiodescrição, e o intérprete de libras faz parte da história”, conta Moira. Agora, fizemos uma nova modificação, para não ficar apenas uma peça filmada, mas um projeto pensado para o formato audiovisual, com direção-geral e roteiro de Raí Júnior. O resultado é algo entre esses dois formatos”, adianta Moira.
O cenário de Ayara Mendo é de uma delicadeza, um quadro de cores pastel que ajuda, de forma decisiva, a transformar “Ventaneira” em uma fábula que aponta para o valor da arte, a alegria de que a música é capaz. A escolha pela importância da acessibilidade é também parte relevante do sentido: todos nós podemos; não existe impossibilidade, nada nos impõe limites.
Serviço:
Sábado e domingo, às 16h.
youtube.com/palavraz