Todos nós queremos conhecer nossas origens. De onde vim, quem são meus antecessores, qual a herança que recebi são perguntas recorrentes, para as quais nem sempre temos respostas. E quando as respostas se tornam outras mentiras para abafar, eliminar… A descoberta pode trazer novas inquietações… É desse conflito que Jéssica Barbosa extrai no “Em busca de Judith”.
Até os 32 anos, Jéssica Barbosa acreditava que Judith Alves Macedo, sua avó paterna, havia falecido num acidente de carro. A história que lhe era contada desde a infância ganhou uma reviravolta quando a atriz deparou com uma fotografia num livro e ouviu um relato familiar, gatilhos que dispararam nela a busca pela história real de Judith.
Idealizado por Jéssica e Pedro Sá Moraes, que também assina a direção, o espetáculo já utiliza o código dos novos tempos: o texto dramatúrgico é produzido com as técnicas da narrativa audiovisual. A escolha do pequeno documentário de abertura, as vozes em off, o palco ampliado com as árvores, a cela em toda a sua extensão fazem com que se ganhe muito, que o monólogo tenha um elenco adicional com que Jéssica contracena.
O itinerário de contar as dores de Judith, que é jogada em um manicômio, após um surto no puerpério, louca, por 12 anos, até a sua morte é contada com a utilização da dança e da música que acentuam o acerto de Jéssica na interpretação de si própria como narradora, como a avó, como as outras mulheres e outras vozes. “Em Busca de Judith” é a busca de Jéssica, mas que é também a de todos nós.
Serviço:
Sexta, sábado e domingo, às 20h
Plataforma Sympla (Ingressos: linktr.ee/embuscadejudith)
Fotos: Fernando Dias