A estilista Glorinha Pires Rebelo, que morreu nessa quarta (31/03), deixando tanta tristeza, sofreu muitos anos com cistite intersticial (ou Síndrome da Bexiga Dolorosa); segundo ela, essa doença existia em vários níveis (o dela era o pior). “Ninguém pode imaginar o que tenho sofrido: muita dor e muito ardor”, dizia, com muita autenticidade, uma das suas características, mas sempre com esperança.
Mesmo com tanto sofrimento, repetia para amigos do filho, o também estilista Carlos Tufvesson, por que fazia questão de votar nas últimas eleições: “Estou dispensada de votar pela lei, mas vou fazer todo o possível pra ir, temos que fazer uma limpeza nessa política cheia de bandidos e ladrões.” Sobre um determinado político, já afastado da função, quando ele ainda estava no auge, ela antevia: “É um pilantra”.
No entanto, a principal lembrança, para os inúmeros amigos de Tufvesson, é sua imagem e a declaração no dia do casamento com o arquiteto André Piva, em novembro de 2011: “Eu, Glória Maria Pires Rebelo, com a autoridade conferida como mãe de Carlos Alberto Tufvesson, e ela, Bia, mãe de André Piva, diante das leis do amor, vos declaramos casados!” Por ser Glorinha alguém de destaque, nome representativo no Rio, seu gesto teve importância para muitas outras mães que ali estavam e, consequentemente, para seus filhos gays. Foi como uma manifestação ideológica.