Viver bem é um exercício de coragem. Por mais incrível que seja a afirmação, sair da zona de conforto e buscar nosso ideal de vida é bem mais difícil do que imaginamos. Mudar aquilo que estamos acostumados exige muito esforço e determinação; na nossa casa, esse processo é idêntico.
Quantas vezes já publicamos aqui esse incrível paralelo entre a vida e a atitude com a casa – obviamente, ela espelha a nossa personalidade e comportamento. Se gostamos de receber, geralmente o nosso espaço é extremamente agradável para todos que o frequentam. Criar uma casa com as aptidões e dons do dono faz muito bem e cria uma atmosfera feliz e espontânea. Nenhuma decoração pode ser mais elegante do que a tradução da empatia de uma casa e seu proprietário; por isso, a arte tem grande importância. Quando escolhemos um trabalho artístico, seja um quadro, seja uma escultura, videoinstalação, foto etc., adquirimos também todo o seu conceito.
A arte contém muita informação e emoção em sua criação na maioria das vezes, e, quando nos apaixonamos e nos identificamos com um trabalho, levamos tudo isso para o nosso ambiente. Com certeza, a conexão com a obra vai interferir positivamente. No entanto, também há o outro lado, o de você apenas escolher porque combina ou está valorizando uma parede e, ainda pior, alguém disse que era bonito, e você comprou.
Arte é pura sensibilidade, uma energia poderosa que muda e transforma um local muito mais do que imaginamos. Estar conectado com esse trabalho significa estar de acordo com seu conteúdo, e isso nos faz sentir bem.
Goia Mujalli — uma jovem e talentosa artista carioca que mora em Londres, desde 2011 (vive entre lá e cá) — comenta sobre essa relação casa & arte. Ela é mestre em Pintura pelo Royal College of Art, bacharel em Pintura pelo Slade School of Fine Art e ganhou o prêmio Ashurst Art Prize em 2018.
“A arte transforma a visão e o pensamento das pessoas. Pra mim, a pintura contém seu próprio espaço dentro de um ambiente, e cada uma pode vir a falar de diversos assuntos, sensações ou sobre uma experiência. Vejo a pintura como uma forma de transmitir uma sensação e uma experiência para outros. É um convite a entrar num outro mundo. Ao longo dos anos, ela vai se revelando e, quanto mais você olha, mais você a descobre – como se tivesse seu próprio tempo. Cada objeto tem sua aura e personalidade, então cada objeto é um “ser” ocupando esse espaço. Existe um diálogo entre as pessoas que visitam esse ambiente e os objetos. Neste último ano, as obras de arte tomaram ainda mais importância dentro de casa, por ser o lugar onde passamos a maior parte do tempo. Esses objetos se tornam uma companhia e criam uma conversa intelectual com as pessoas.”