O Rio sempre criou os cariocas honorários. Figuras nascidas em qualquer lugar deste mundo de Cristo transformam-se em cariocas da gema. Gente que se torna familiar, “melhor amigo de infância”, nossas inspirações, daquelas que viram texto anônimo no Facebook. Assim foi Antônio Maria, o doce jornalista pernambucano, poeta e músico, cujo coração explodiu de paixão. Toda essa emoção está em “Maria”.
Com brilhante atuação de Cláudio Mendes e direção poética de Inez Viana, a estrutura é leve e permite entender a grandeza do personagem a partir não dos dados biográficos, mas de como Maria expressava seus sentimentos – são as canções, as crônicas que constroem um mosaico lindo.
Autor de uma das lindas canções que celebram o maior espetáculo da Terra, “Manhã de Carnaval”, Maria cantou a dor de cotovelo, a tristeza do abandono, mas exaltou também a beleza do Rio, compondo o nosso hino “Valsa de uma Cidade”. Nas crônicas diárias, falava de tudo: do mendigo, das pessoas nas boates, dos amigos, de futebol com poesia e em um texto brilhante. Tudo isso está no espetáculo.
O roteiro retrata Antônio Maria voltando da boêmia para seu apartamento, em Copacabana, um quarto e sala. O figurino é atemporal, com as sandálias que marcam o nordestino. A luz é um jogo do que foi a vida dele: claro do sol da manhã por onde caminha e a sombra do que guardava no coração. As músicas e os textos levam a que percebamos um outro olhar sobre a cidade e um outro jeitão de ver como o homem se relaciona com o que a vida se lhe apresenta. Maria faria 100 anos em março. Toda a sua obra nos mostra que pode ser poesia, pode ser descrença, mas, como ele provou, vale a pena quando é amor.
Serviço:
Sábados, às 20h
Ingressos no site do Teatro PetraGold.