É sabido: o Brasil é um dos países que mais consomem redes sociais. Contudo, repare até onde essa febre chega: para entrar no Clubhouse, a rede social de áudio em que só entra quem é convidado, tem gente pagando até R$ 800 no câmbio negro da Internet. Caso se pesquise direitinho, encontra-se até por R$150!
Já, para fazer parte do Raya, o “Tinder dos famosos”, digamos assim, tem que tirar por volta de R$ 2 mil da carteira, valor em média oferecido nas internas. Assim como no Clubhouse, só entra com convite e ainda, neste app, é preciso comprovar renda de R$ 1 milhão em aplicações financeiras.
Para o psiquiatra Ricardo Krause, esse fenômeno tem a ver com a necessidade de, sempre, a todo o momento, falarmos a mesma língua. “O mundo me surpreende cada vez mais. As pessoas estão perdendo o hábito de conversar e abusando do dissenso, esse sentimento de não concordância ou oposição a uma ideia. Todos querem estar com quem fala a mesma língua, usando os mesmos aplicativos, agrupados com seus semelhantes, e sem permitir que o diferente participe daquilo ali. Assim, não desenvolvem o senso crítico ao ouvir outra opinião”, diz ele, que é presidente da Associação Brasileira de Neurologia e integrante da Associação Americana de Psiquiatria.
Por Acyr Mera Junior