Oh, dia!” “Oh, céus!” “Que falta de sorte!” – já dizia o personagem pessimista do desenho animado. No entanto, a vida pode ser uma conjunção de fatores que se repetem diariamente, coisas que não andam, não se realizam. “Oh, dias!” O espetáculo “Céus” conta mais do que um conjunto de azares (pequenos, médios, grandes) que nos fazem perguntar: evitamos aquilo que está no nosso destino?
Com direção de Aderbal Freire-Filho, o texto de Céus, de Wadji Mouwad, representa, metaforicamente, o confinamento em que vivemos. Uma equipe de informação, presa em um local indeterminado, procura descobrir de onde virá o próximo ataque árabe. Os atores Isaac Bernat, Silvia Buarque, Felipe de Carolis, Rodrigo Pandolfo e Charles Frick são personagens de diferentes nacionalidades e origens que gastam seu tempo buscando decodificar o indecodificável.
“A questão atual do terrorismo não é mais vista como um conflito entre Oriente e Ocidente. Na verdade, a peça caminha para uma discussão mais profunda, que vai muito além das divisões territoriais, muito além de questões religiosas”, analisa Aderbal, que aponta as muitas diferenças entre Céus, escrita em 2009, e Incêndios (2003), que fazem parte de uma mesma tetralogia denominada Sangue das Promessas.
A linguagem é contemporânea. O drama individual de cada um é apoiado nas projeções, nos figurinos e nas atuações, que levam a que a interpretação de Rodrigo Pandolfo e a de Charles Frick se tornem marcantes daquilo que vemos a todo o instante: estamos aqui, mas estamos acolá. Queremos viver nossas vidas, mas o trabalho se sobrepõe. E, mesmo se clamarmos clemência aos céus, só recebemos bombas de poder letal.
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