O velho caudilho usava o bordão “Eu vim de longe” para mostrar que era experiente e sábio; a premiada Cia. Atores de Laura também vem de longe. Desde 1992, constrói espetáculos inovadores com um grupo de atores com a mesma intensidade de juventude, cujos talentos, sob a direção de Daniel Herz, são sempre uma prova de versatilidade de atuação.
Este ano, iniciaram um processo coletivo que, interrompido pela pandemia, levou-os a embicar para outros portos. “Fronteiras invisíveis em processo” é capaz de misturar todas as possíveis formulações do teatro — monólogos, diálogos, situações dramáticas, comédias, leveza, intensidade, voz, corpo, riso, choro — agora, adicionadas aos cortes da tela pequena, aos pequenos movimentos faciais típicos do close-up. A colaboração do diretor de TV Luís Felipe Sá foi fundamental para isso.
O elenco, composto por Charles Fricks, Leandro Castilho, Márcio Fonseca, Paulo Hamilton, Verônica Reis e as atrizes convidadas Carol Santaroni, Clarissa Pinheiro e Glória Dinniz, sucede-se em rápidas cenas, pequenos fragmentos que vão se construindo, formando quadros que se tornam, eles próprios, fragmentos de uma história cujo fio condutor é se o que nos afasta é a distância física ou a incapacidade de nos conectarmos ao outro por só olharmos para nós mesmos.
Sem o distanciamento da quarta parede e com a proximidade da tela, observamos o novelo de narciso especular ir se dissolvendo e vemos, na tela, um outro; a tela, no entanto, também é um espelho. Desse jogo, com situações de afastamento físico com urgência de serem solucionadas, é que nasce um espetáculo de pura reflexão sobre o que vivemos.
Fotos: Elaine Moreira
Serviço:
“Fronteiras Invisíveis em processo”
Domingo, às 20h
Vendas na Sympla: https://bit.ly/35zPKbo