Hoje em dia, a maioria de nós busca muito mais a tranquilidade do que o status, tanto fora quanto dentro de casa. Somos bombardeados com as maravilhas da tecnologia e vemos que não podemos viver sem elas. Informação, conhecimento e conexão nos fazem multifuncionais, mas, no fim do dia, estamos exaustos, e desconectar está cada dia mais difícil.
Buscamos muitas alternativas para essa calma, tais como a meditação, a ioga, a música, leitura etc., mas também podemos criar dentro de casa uma atmosfera que nos dê tranquilidade, conforto e bem-estar. Nem sempre um superdesign ou um espaço arquitetônico criativo nos proporcionam essa sensação.
Existe uma corrente que pensa na arquitetura e na decoração como meios para alcançar essa paz. Um dos principais itens para isso é a proporção, ou seja, a relação entre as partes de um todo que provoca um sentimento estético de equilíbrio, de harmonia; como exemplo, a proporção áurea, muito usada pelos gregos (uma constante real algébrica aplicada que é usada na arquitetura, nas artes e que pode ser encontrada até na natureza e no corpo humano).
Outras recomendações são usar materiais de revestimentos naturais, cores suaves, ângulos menos agudos na arquitetura, água e luz natural. O controle das aberturas é outro item fundamental para esse espaço nos levar à calma e tranquilidade. Isso sem falar nos materiais ecológicos de produção sustentável, que, sabemos, fazem parte desse novo mundo muito mais feliz e harmônico!
Mesmo nos grandes centros urbanos, é possível ter, em nossas casas, um pouco desse conhecimento e sabedoria na hora das escolha dos móveis, tecidos ou mesmo lá no início do projeto. O japonês Tadao Tange é um exemplo disso – um arquiteto que nos emociona e que elabora seus projetos nos inspirando uma total sensação de bem-estar e felicidade, que nos convidam a meditar e a agradecer por todas as maravilhas que o homem é capaz de construir.
Perguntei a duas pessoas que se dedicam ao trabalho e conhecimento constante, mas, ao mesmo tempo, conseguem viver de forma harmônica. Esse equilíbrio começa não só no nosso interior, mas também dentro da nossa casa.
A jornalista Christiane Pelajo, âncora do Jornal GloboNews, sabe o preço de estar conectada o tempo todo e, por isso, meditação faz parte do seu cotidiano. Estar bem consigo e com os outros é uma meta e uma maneira de encontrar a felicidade. “A casa que me acalma tem de ser silenciosa e com vegetação! Árvores, jardins, flores e sem barulho!”
Para a psicopedagoga e psicomotricista Viviane Giroto, professora do Departamento de Medicina da PUC-Rio e cocoordenadora do Núcleo de Meditação do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social da mesma instituição, além de doutora e mestre em Psicologia pela UFRJ, “penso que a casa que acalma é aquela que tem a cara do dono(s), com objetos e arrumações que fazem lembrar aquela pessoa e/ou família, e remete ao estilo de vida deles. Seria como encontrar essas pessoas através do local onde elas habitam e perceber que elas moram ali, transitam, compartilham momentos. Por isso, essa casa não pode parecer intocável, arrumada com o exagero que limpa os traços das pessoas. Uma casa que acalma deve que ter a alma dos seus moradores; nesse caso, vale ter espaço para que todos se expressem do seu modo, com suas disposições e objetos significativos”.