Xerxes Frechiani não tem apenas o nome incomum — assim como o do egocêntrico rei da Pérsia que tentou conquistar a Grécia. Todo o estilo de vida do empresário de 32 anos, à frente da Double X Media (agência de marketing digital), nascido e criado em Nova York e que escolheu Miami para viver, também é exótico. Um dia, ele está em Miami; outro, em NY, México, Los Angeles, Paris, Londres, Abu Dhabi ou no Polo Norte, sempre administrando o tempo entre trabalho e diversão.
Mas qual a sua ligação com o Brasil? Todas, tanto emocional quanto profissional. Seus pais são brasileiros e, em 2016, chegou a ter um namorico com a funkeira Ludmilla, e, desde o ano passado, entrou de vez para o clube dos inve$tidores do Rio, com a abertura do Faro Beach Club, na Avenida Niemeyer, que está parada desde maio do ano passado, depois do fechamento da via.
Provavelmente, você já reparou ou já esteve na nova estrutura: escadas e pergolados na praia do Vidigal, colado ao Hotel Sheraton, numa área de 500 metros quadrados à beira-mar. Xerxes é o sócio, digamos, menos discreto do negócio — ao lado de Anderson “Peixinho” de Oliveira, Rodrigo Ahmed e Daniel Barcinski, da AMI Empreendimentos Cultural e Esportivo, que ganharam licitação da Prefeitura em 2016, para usar a área com “finalidades de bar, lanchonete, restaurante e de atividades esportivas, lazer, entretenimento e cultura”. O valor do investimento ele não conta nem morto, alegando “confidencialidade das cláusulas e contratos”.
Neste domingo (26/01), a atração internacional do clube é o rapper Tyga, amigo-irmão de Xerxes, que tem mais de 3 bilhões de visualizações em vídeos no YouTube e mais de 33 milhões de ouvintes por mês no Spotfy, além de também ser conhecido pelo título “ex-namorado de Kylie Jenner” (a irmã mais nova das Kardashians).
Aliás, Xerxes tem verdadeira paixão pelo hip-hop e funk, tanto pelo gênero quanto pelo estilo de vida “ostentação”. Em seu perfil nas redes sociais, com 280 mil seguidores, são comuns fotos em jatinhos, iates, Porsches, Ferraris e Lamborghinis, lugares paradisíacos, praticando esportes radicais e posando com astros do “metiê”, tais como Chris Brown, Travis Scott, 50Cent, Diplo, DJ Khaled e Drake (com quem ele é constantemente confundido), ou ainda artistas, como Will Smith e Andy Garcia; afinal, imagem é essencial para os negócios. E promete: “Vou usar todos os meus relacionamentos e conexões para fazer o impossível acontecer e levar muitas atrações internacionais ao Rio”.
Como se tornou um empresário de sucesso?
Iniciei minha carreira aos 21 anos. Acredito que algumas pessoas nascem com um dom para negócios e com aspiração de crescer. Sou uma dessas. Tenho negócios próprios e alguns em sociedade, em diversos países, mas o principal é a Double X Media, a agência de marketing que agiganta a divulgação de marcas no mercado. Para mim, negócio é um esporte intelectual. Meu sucesso vem da minha mente aberta e o desejo de aprender e estudar homens de sucesso do passado. O erro é o melhor professor de todos, mas quem divulga seus fracassos pessoais? Concentrei em analisar como outros falharam e descobri soluções antes mesmo de encontrar um problema. Se faço bons negócios, é porque mantenho um forte código de ética e moral – nunca minto, roubo ou trapaceio sócios ou clientes. A chave para uma vida de sucesso nos negócios é manter relacionamentos para negócios de longo prazo.
Imagem é tudo?
A presença online e mídias sociais da nossa empresa começaram a crescer enormemente, à medida que mais empresas, celebridades e clientes começaram a se familiarizar com a nossa qualidade de negócios. Como meu nome não é fácil de pronunciar, um artista me chamou de ‘Double X’, porque tenho dois ‘X’ no nome. Logo fiquei conhecido por ‘Double X’, mais do que Xerxes. Aproveitei para associar o meu nome à empresa.
Por que escolher o Rio como base para seu primeiro empreendimento na América do Sul?
Fui criado na cultura americana, misturado com o carinho do brasileiro. O Brasil é um incrível mercado emergente com grande potencial de crescimento. Sempre quis ter um negócio no País. Todos os estrangeiros comentam que o Rio é reconhecido mundialmente pela música, futebol, praias e mulheres bonitas. É isso que os turistas querem. O problema é: mas vou estar num ambiente seguro e confortável? Foi assim que nasceu o Faro, semelhante a outras grandes cidades, como Miami, Ibiza, Mykonos. É hora de proporcionar ao Rio algo que corresponda às expectativas de milhares de pessoas, e criar algo grandioso para incrementar ainda mais esta cidade maravilhosa.
Quais foram os principais pontos para você topar o negócio?
Creio que podemos ter sucesso nos negócios com um produto ruim e pessoas ótimas, mas não podemos ter sucesso nos negócios com um ótimo produto e pessoas ruins. Fiz um evento com Anderson de Oliveira há 10 anos, levando o rapper Flo Rida, com ingressos esgotados. Nossa amizade e parceria já começaram excelentes. Acabamos nos tornando bons amigos e fazendo negócios com outros artistas, como o Black Eyed Peas. Certo dia, ele ligou para falar sobre conseguir artistas internacionais para um novo projeto. Quando ele me levou até o local (Faro), meu corpo inteiro ficou arrepiado. Foi a vista mais deslumbrante que eu já vi. Naquele momento, senti uma energia inexplicável. Ainda parece um sonho. Sem dúvida, eu sabia que estava no lugar certo e na hora certa. Respondi que não queria trazer artistas para ele, mas que queria construir o clube com ele.
Como administrar um negócio de longe?
Todo mundo tem as mesmas 24 horas. Não há falta de tempo, há apenas desconhecimento de como organizar o tempo com sabedoria. O recurso mais importante hoje não é o seu dinheiro, é o seu tempo. Consigo investir dinheiro e sabedoria em vez de trocar meu tempo por dinheiro. Supervisiono através de relatórios e tecnologia. Ter sócios competentes e profissionais ajuda muito, mas pretendo ir uma vez por mês.
A Av. Niemeyer fechada atrapalhou em algo? E como é a convivência do clube com as comunidades do Vidigal e da Rocinha?
Só crescemos quando lidamos com problemas. No caso, o fechamento foi útil porque não queríamos que o público visse o que estávamos construindo. É uma ótima oportunidade para que todos vejam que podemos conviver, independentemente das diferenças. Não devemos evitar as comunidades, mas prosperar com elas, educando-as na medida do possível, para crescerem — 80% dos 30 operários que trabalharam nas obras eram da região. E estamos planejando alguns projetos sociais para ajudar essas favelas.
Qual a maior diferença quando compara o Rio a Nova York ou a outro grande centro do mundo?
Todos os lugares têm pontos fortes e fracos. Conheço muito bem o Rio e já fiz vários cálculos e previsões no mercado. Há muito mais vantagens de crescimento do que elementos negativos. Tenho esperança de que o Rio possa se posicionar como uma cidade poderosa, aumentando o seu PIB e, assim, conseguir baixar os índices de violência e desenvolver políticas públicas significativas. Como meu amigo Warren Buffet fala, ‘seja ganancioso quando as pessoas têm medo’. Quando a economia estiver excelente, sua oportunidade pode já ter passado. Amo o Rio, mas existe uma brincadeira que sempre ouço, de que ‘Miami é o Rio que deu certo!’ Falam isso porque Miami tem uma enorme influência latino-americana e com clima tropical. Vivo em Miami há mais de 10 anos; acho que só Deus me tira de lá. A maior diferença entre as cidades é a mentalidade do seu povo
Como é estar cercado por artistas, como Will Smith, Drake, Pharrell Williams, Travis Scott, e LeBron James. Você é realmente amigo dessas pessoas?
Não sou tão famoso; ainda consigo ir ao shopping, ao cinema ou à praia, sem problemas. Consigo aproveitar tudo do jeito que eu quero, sem perder a minha privacidade. Em vez de ser contratado, eu prefiro ser contratante. Todas as fotos com celebridades que temos publicado são de pessoas amigas. Não costumo me aproximar de pessoas que não conheço para fazer fotos. Mantenho minha postura profissional porque trabalho com eles, apesar de ser fã.
Alguma história curiosa?
Muitas pessoas me dizem que eu pareço Drake. Várias vezes em que estive com Lil Wayne ou Travis Scott, os fãs tiraram muitas fotos, achando que eu era o Drake. Ou se as pessoas esperam por ele numa festa, eu chego antes, todos pensam que sou ele.
Você circula, principalmente, entre rappers e artistas de Hollywood e faz aquele perfil “ostentação”, postando fotos em carrões, jatinhos, lugares paradisíacos etc. Isso é você de verdade?
Todas as espécies do mundo se exibem, mas, quando os humanos o fazem, a sociedade não acha isso bacana. Muitas pessoas constroem uma vida que leva ao arrependimento; não sou uma delas. Sempre sonhei andar de jatinho, dirigir um Lamborghini ou sair de iate, passeando por algumas ilhas. Eu acreditava que coisas como essas eram possíveis, e eram! Agora posso afirmar: nunca deixe alguém fazê-los acreditar em frases como ‘você não pode ter isso’ ou ‘seja mais humilde’ ou ‘não é bom ostentar’. Todo mundo diz para você ser humilde, mas ninguém diz para você ser lendário! Alguns dos meus momentos de maior orgulho vêm do meu sucesso. O sonho da minha mãe era ir à França e o do meu pai, à Itália; então, eu os surpreendi cuidando de tudo. Acho que a sociedade tem que parar de associar o gastar dinheiro a algo negativo. Creio que precisamos ter sucesso na vida para cuidar da família, da saúde, dos estudos, projetos sociais e dos seus sonhos. Ganhe bem, gaste melhor, invista melhor ainda. Não é apenas o que você consegue que o fará feliz.
Em 2016, você chegou a namorar a Ludmilla. Pretende fazer algo no Brasil, relacionado ao funk?
Eu sempre achei o funk o gênero musical mais interessante do Brasil. Tenho vontade de fazer algo, sim, porque toda vez que mostro músicas de funk aos artistas americanos, eles ficam loucos com as batidas, instrumentos e melodias. Eles sempre riem e acham absurdo quando artistas de outros países tentam fazer música americana, porque gostam de coisas originais. Imagina Justin Bieber tentando cantar Zeca Pagodinho?