Réveillon pra mim é irresistível! O primeiro que fiz foi na suíte imperial do Rio Palace (atualmente Fairmont), na Avenida Atlântica, na virada de 1996 para 1997, ou seja, lá se vão 25 anos. Foi, inclusive, a mesma suíte onde Frank Sinatra ficou hospedado quando fez um show para apenas 100 pessoas há 40 anos. De lá pra cá, eu me apaixonei completamente pelos fogos, pela beleza da festa e, mais do que isso, é ver milhões de pessoas, numa mesma praia, em número maior do que habitantes de muitos países da Europa. E aquele mar de gente usando branco seguindo numa mesma direção. É muito emocionante!
Foi a partir da festa de Ano Novo que surgiu a ideia de morar no edifício Chopin. Mas, antes, aluguei a cobertura da Claude Amaral Peixoto na Atlântica, também no próprio Chopin, ainda sem pensar em morar lá. Depois vieram os 11 anos ao lado do Bruno (Chateubriand, com quem foi casado), de 1999 a 2011. O prédio tinha vida própria, era um personagem. Eu me lembro do jornalista Mauro Rasi fazer uma crônica brincando que as pessoas acabavam virando mais para o prédio do que para os fogos. Mas era uma outra época, um tempo que não volta mais; não tenho nostalgia alguma. Eram festas para 500 pessoas dentro de um apartamento, e todo o prédio recebendo: uma loucura. De 1999 para 2000, acabou a luz durante meia hora, as chaves sumiram e vários casais viraram o ano separados. Com a falta de luz, as pessoas praticamente desciam tobogã nas escadas.
Na sequência, o prédio foi se organizando para aguentar tantas festas. Durante esses anos todos, recebemos muitos personagens além dos amigos, como ministros, o presidente do FMI na época, Rodrigo Ratto, a atriz italiana Elsa Martinelli, o casal Monica Bellucci e Vincent Cassel (quando ainda eram casados) e outros. Era uma festa plural, internacional. Engraçado é que, quando alguém queria pedir convite, todo mundo virava conde, princesa, prefeito de algum lugar… O prédio era glamourizado, com vários moradores recebendo na mesma data. Agora, o Chopin está mais quietinho, chegou à terceira idade — não de moradores, mas dele próprio.
Depois nos mudamos para a Gávea e continuamos recebendo. Costumo brincar que aqui é um circuito “off Broadway”, e percebi que as pessoas gostaram muito da ideia de não pegar o tumulto, o trânsito de Copa, apesar de hoje estar muito bem orquestrado com o metrô. Fiquei os últimos dois anos sem fazer, tanto pelo término do casamento de 18 anos quanto pela morte da minha mãe (Isabel Ramos). Este será o primeiro ano que recebo em casa, ao lado do Gabriel (Monteiro de Castro, atual namorado). Os amigos cobravam muito. Vai ser para 150 pessoas, com dois DJs, decoração em prata, dourada, branca, arranjos de orquídea que adoro fazer e, com certeza, muita animação. As pessoas me chamam muito de festeiro, mas não diria isso — eu gosto de gente. Minha lista vai de 18 a 100 anos, é um mix muito grande e, mesmo sendo na Gávea, as pessoas que passam em Copa vêm antes ou depois e estendem a festa — chegam cedo e saem tarde. Sempre contrato um ponto de táxi, o que facilita a saída. Este ano, vou fazer a estação de bufê, que dura a noite inteira, DJs na pista da piscina, vários lounges no jardim, uma noite em que se bebe muito mais prosecco e champagne. Tem que contar com uma garrafa por convidado: essa é uma dica.
Um detalhe interessante, que poucas pessoas sabem ou se lembram, é que quem inventou o réveillon na Atlântica com os fogos foi o Ricardo Amaral, na década de 70. Ele montou um camarote no canteiro central e fez os fogos; antes, só existiam as oferendas para Iemanjá no mar, a coisa cultural da cidade. E hoje é aquele espetáculo! Acho maravilhoso; sou um carioca que acredita na cidade e quero festejá-la! O tempo mudou, o País mudou, a cidade mudou, as pessoas fazem festas cada vez menos, e hoje voltou a moda dos hotéis.
Por mais que eu continue achando a festa da Atlântica a mais bonita do mundo, receber na casa onde nasci tem um significado muito grande, e eu tenho convidados que me acompanham há mais de 20 anos; então é muito bacana ver a evolução no sentido físico mesmo. Eu envelheci, e todos também, mas continuamos juntos — um grupo fiel. É uma festa em que gosto de participar de todos os detalhes. Uso coisas que vão do Saara (camelódromo no Centro) até as pratarias dos meus pais. E funciona muito bem.
PS.: Não suporto convidado chato ou que não saiba beber. Eu já deixo R$ 50 com cada segurança; se incomodar, peço a eles que ponham a pessoa no táxi. As pessoas têm que lembrar que estão na casa de alguém e agir como se estivessem na casa delas. Educação sempre.
André Ramos é empresário, cujo nome é praticamente sinônimo de festa, além de apaixonado pelo réveillon! Comemorar é imprescindível em sua vida — repara na fila de Dom Pérignon da imagem!