A maior discussão sobre teatro, nos dias de hoje, diz respeito ao caráter artístico do stand up. É um estilo cômico em que um comediante se apresenta na frente de uma plateia ao vivo, geralmente falando diretamente com ela, que se torna coadjuvante do espetáculo. São histórias pessoais, engraçadas, com temas da atualidade. Mas e quando um cômico resolve fazer um espetáculo, totalmente metalinguístico, com pegada de romance, inclusive? É o que acontece em “Era pra ser um stand up”.
Sob a competentérrima direção de Wendell Badenlack, que evidencia o talento de Aarhon Pinheiro, a peça é uma comédia bem costurada, com diálogos afiados, de autoria de Pedro Henrique Vasconcellos. Com Bia Guedes fazendo o “par” romântico, Aarhon pode dar plena vazão a sua capacidade de empolgar a plateia e fazer com que as piadas e as gags sejam ainda mais engraçadas.
“Muitos comediantes de stand up não sabem, mas eles interpretam um personagem: eles mesmos. Isso é feito de forma intuitiva, utilizando as técnicas do stand up para acontecer. O teatro, assim como qualquer arte, detém técnicas”, opina Aarhon. “Amo e acredito em qualquer tipo de arte. Cada um se identifica mais com uma parte, em especial, mas se arriscar um pouco em todas elas é muito agregador. Poder opinar por experiência própria é diferente” reforça Bia.
Tudo flui muito. As trocas de figurino, as cenas de vai e volta do casal, a luz, tudo contribui para que, ao mesmo tempo, haja diversão, aconteça uma reflexão sobre o papel dos atores, o que é o verdadeiro teatro, como é o processo de direção. Com isso, o público, enquanto dá gargalhada, pode ter certeza de que a experiência presencial do teatro ainda é o melhor da arte.
Serviço:
Teatro Vannucci, Shopping da Gávea
Sexta e Sábado, às 20h.