Você já se arrependeu de ter ido a uma aula de ioga? Sabe quando o quentinho da cama o segura? Quando o friozinho e a chuva caindo lá fora o amedrontam? Quando você dormiu tarde porque foi a uma balada ou ficou em casa lendo um bom livro? Quando a agenda está cheia de compromissos, e você fica na dúvida se encaixa uma prática entre eles? Então, consegue vencer tudo isso e, ao chegar para praticar, encontra um professor substituto? E agora, como lidar com essa situação? Talvez fique decepcionado e faça a aula com a cara amarrada (energia do corpo todo trava), talvez faça a aula numa atitude de general controlador vigiando as atitudes desse professor e comparando-o com o professor titular (sua energia travou no corpo mental), talvez, por tudo isso, fique contando os minutos para a aula acabar.
Talvez passe a aula toda imaginando onde estaria seu professor, se está doente, ou alguém da família está, ou esteja participando de um curso ou outra atividade e por isso você começa a se sentir menos importante ou menos valorizado (energia trava no corpo mental e emocional). Mas, quem sabe, talvez possa abrir sua mente e seu coração para novas possibilidades: seja observando o quão preso às expectativas e julgamentos você está, seja percebendo como sua respiração fica ao se perceber preso nessas situações.
Talvez seja uma oportunidade de ser humilde quando perceber que o professor substituto apenas está começando sua jornada na senda do ioga, enquanto sua professora já está na trilha há mais tempo, se abrindo para esse aprendizado que a vida está proporcionando. Talvez seja aprendendo uma nova forma de fazer determinada postura, talvez seja se permitindo estar atento e relaxado numa postura simples e percebendo que o valor do ioga não está em fazer posturas acrobáticas, e sim em estar de corpo e alma envolvido naquele momento vibrante e auspicioso que a prática está lhe proporcionando: no aqui e agora.
O melhor de tudo será quando se perceber em qualquer das situações acima e entender exatamente onde está, pois a responsabilidade é toda sua. Auto-observação, autocuidado e autorresponsabilidade sem culpas ou julgamentos são aprendizados valorosos que a prática feita com a mente e o coração abertos nos trazem e nós levamos para a vida.
Sushiila Leal é certificada em Iyengar Yoga, professora desde 2003, e terapeuta transpessoal. Dá aulas no Yogaone, na Gávea e no Ananda Marga, em Copacabana, além de Meditação.