Um convidado dizia que João Doria aceitou correndo o convite de Paulo Marinho para jantar nessa sexta (15/06), lá no íntimo, por imaginar — e alguém corrigiu “por intuir” — ser aquela casa um lugar quente para eleger presidentes, lembrando que foi o endereço usado para as gravações dos programas de TV de Bolsonaro, e deu no que deu. A noite foi tanto para a entrega a Doria do título de Cidadão do Rio de Janeiro, concedido pela Câmara Municipal (mas entregue, excepcionalmente, fora do Legislativo), quanto para marcar o ingresso de Marinho, desligado do PSL, como presidente do PSDB carioca, com a intenção principal de atrair novas filiações e nomes importantes para a sigla.
Muitos políticos subiram ao palanque, surpreendendo alguns que imaginavam um jantar mais social. Mas quem é que não sabe do tesão de Doria pelo microfone? O governador falou por mais de uma hora, relembrou desde os sofrimentos na infância, quando começou a trabalhar, aos 13 anos, até dramas mais recentes, enfim, revisou sua biografia ali no palco montado no jardim para a ocasião, sempre nomeando as pessoas a quem está se dirigindo, mesmo aquelas a quem só viu uma vez: “Que memória espetacular!”, ouvia-se na plateia.
E quando a cariocada falava um tom acima, Doria assobiava, com o som cortando os salões de fora a fora; por alguns minutos, dava quase para ouvir o nado das carpas no lago, o som das borbulhas do Taittinger tinindo no gelo ou o mastigar do ceviche. Adriana Marinho é assim, anfitriã impecável.
Os aplausos foram mais intensos ao defender o ministro Sérgio Moro, neste pós-vazamento de conversas entre ele e integrantes da Lava Jato: “Esse é o juiz que sacudiu o Brasil, em vez de deixar o País”. No meio de psdebistas, a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que, depois de descer do palanque foi convidada por uma jornalista a fazer uma foto com Doria e respondeu: “Posar juntinho pra fotos já é demais; amanhã vou ter que explicar muita coisa ao Presidente”.
Depois disso, deram partida ao segundo maior prazer desta vida, a mesa, claro, sob o talento da cozinha das Pederneiras. Joice, Paulo Marinho e mais uns três jantaram na copa, sem ouvidos alheios nas proximidades, enquanto o entorno da piscina e a varanda lembravam até uma festa dos anos 90: rostos conhecidos, mulheres elegantes, gente raciocinante, alguma frivolidade, clima social. Só faltou uma tornozeleira eletrônica pelo salão pra gente ter o que falar! O evento foi encerrado com a melhor frase da noite, de uma mulher casada bem-humorada: “Por que homem rico é tão bonito?”