O cantor, compositor e produtor Rodrigo Lorio mal começou a carreira profissional, em 2017, e já está com uma de suas músicas, “Gosto de Você”, um eletrônico-românico, na trilha sonora da nova “Malhação — Toda Forma de Amar”, que estreou esta semana. A música foi produzida e lançada no ano passado por ele e pelo DJ “Diskover” (Marc Matthiessen, produtor do primeiro remix de “O Sol”, de Vitor Kley). Rodrigo estará muito bem acompanhado num álbum que ainda vai incluir IZA e Milton Nascimento, além dos rappers Emicida, Rincon Sapiência e Projota e banda 3030.
Aproveitando as boas energias e o contrato com a SomLivre (ele é um dos autores do selo), Lorio vai se apresentar gratuitamente no FM Hall Estúdios, no Bossa Nova Mall (ao lado do aeroporto Santos Dumont), dia 25 de abril, num show com influências no pop, MPB, R&B e Bossa Nova.
Esse carioca de 28 anos bem que tentou dedicar-se aos estudos tradicionais e ao esporte (até os 19, jogava basquete no clube do Flamengo); depois viu que seu tesão mesmo era a música: tudo sempre terminava em “fazer um som com os amigos”. Ele fez o caminho contrário da maioria de sua geração: em vez de lançar algo na Internet, aprendeu a ganhar o mundo nas ruas. Aos 22, começou a escrever suas próprias letras (hoje são mais de 90) e aprendeu a tocar violão no mesmo momento; em seguida, tocou em barezinhos e festas.
Como aconteceu a música e o convite para fazer parte da trilha de “Malhação”?
A música surgiu organicamente e, depois que fizemos uma versão eletrônica, teve mais de um milhão de ‘plays’ nas plataformas digitais. Foi a primeira música que eu lancei na vida. Não me lembro bem, mas acho que foi um amigo do Marc que chegou à TV Globo.
E tem tudo a ver com a nova história da novela?
É o ‘match’ perfeito porque a música fala exatamente das relações interpessoais amorosas, independente mente de gênero e estilo – se é fraternal, homem com homem, mulher com mulher, tio com tio, primo com prima, fala de todas as formas de amor.
Ter tocado na rua foi fundamental?
Essa é uma das coisas mais legais na minha ainda curta trajetória. Hoje é normal lançar na Internet e depois ir para a rua. Comigo foi à moda antiga: comecei a ver que as pessoas curtiam minhas canções autorais que eu jogava no meio das conhecidas nos showzinhos. Comecei na Galeria River, no Arpoador, tocando para uma galera do surfe, num bar, todo domingo, por três, quatro horas seguidas. O lugar começou a ficar lotado, tanto que um restaurante do lado chamou a gente como residente em outro comércio no Centro, e aí as coisas foram acontecendo.
Hoje você tem quantas composições?
Hoje em dia, eu sou autor com contrato na Som Livre (se algum intérprete precisa de uma letra, o selo pede a uma lista de autores cadastrados), mas sou artista independente, tenho mais de 90 composições. O mais legal é que tenho facilidade de compor e acho que tem muita coisa por vir ainda.
Quais suas inspirações?
Desde moleque, eu era ligado em música americana; ouvia muito black music, hip hop, rap. Mas eu acho que, nesses últimos anos, estudei muito a música brasileira; então tenho como exemplo dois caras que me inspiram muito: Vinicius de Moraes e Cazuza.
Vem de família musical?
Nenhum artista. É um desafio porque, quando você não tem ‘padrinhos’, tem que aprender na porrada. Então, por mais que você conheça as pessoas, tenha um networking e tal, é diferente, tem outro mercado, e, até entender como isso funciona, demora. O artista é um produto, e hoje temos que ter uma visão comercial também.
Como se destacar num meio tão competitivo?
Essa é a grande pergunta. Para isso, temos que olhar pra dentro, enxergar o produto e ver o que você tem de único porque, no fundo, todo mundo é especial. O segredo está em mostrar da melhor forma. Eu tenho uma equipe de pessoas que acreditam no meu trabalho, então estou nesse processo de profissionalização.
Compor é fácil?
Não, é preciso muito exercício, muita prática – de 100 composições, 30 são boas. O resto eu descarto.
E em que vozes pensa em ouvir suas músicas?
Caetano Veloso, claro, e de artista contemporânea que admiro muito é Anitta. Até já escrevi uma música que é a cara dela. Já compus música pensando em Luan Santana, Rael e IZA. Estão na minha gaveta esperando chegar até eles.
O que você não ouve de jeito nenhum?
Barulho, véi! Já música eu escuto qualquer uma dependendo do momento. Não podemos julgar arte porque ela quebra paradigmas, concepções, perspectivas e muda a forma de pensar, causa reflexão. Toda forma de arte, quando é verdadeira, é bem-vinda.
Dá o play para escutar “Gosto de Você”:
https://www.youtube.com/watch?v=FcPCbLHwOWM