Enquanto muitas querem seguir a carreira de atriz, Lívia de Bueno quer recuar. Na verdade, foi o que fez apesar da certeza de que teria futuro, a avaliar pelo começo: interpretou papéis densos, como uma prostituta no longa “Homem do Futuro”, de Cláudio Torres, ao lado de Wagner Moura e Gabriel Braga Nunes; Lara, em “Paraísos Artificiais” (2012), de Marcos Prado, com Nathalia Dill e Luca Bianchi. Em 2008, Livia sentiu um grande vazio. Foi aí que ela começou a frequentar o Budismo de Nitiren (monge que viveu no Japão no século XIII) e se apaixonou. Desde então, sua vida mudou: ela se sente bem mais iluminada. Atualmente, está totalmente dedicada ao seu curso “Vida espiritual na Matrix” – com palestras, como nesta terça-feira (22/01), durante a RD Talks, no Rio Design Leblon, às 17h, ao lado da astróloga Isabella Heine.
E também criou o grupo FLOW das Cinco, com mais quatro mulheres: Raquel Alvarez, estilista da Wymann; Layana Thomaz, estilista da Negoçada, Bianca Joy, atriz; Juliana Luna, artista e ativista. O grupo promove bate-papos sempre ligados à espiritualidade e já tem um piloto pronto para virar série. Lívia defende a possibilidade de ter uma vida urbana fazendo tudo o que gosta com conexões bem além do seu i-Phone, se é que vocês me entendem: “Há uma crença limitante achando que você não pode gostar de moda, arte, festa e ser espiritualizado. Existe o ponto de equilíbrio, e é possível vivê-lo”.
Como se deu essa mudança?
No final de 2008, comecei a sentir um vazio existencial. Eu era ateia, e minha vida era uma festa! Sempre tive muitos amigos e me divertia muito na noite. Só que chegou uma hora em que esse hedonismo não era mais suficiente. Comecei a frequentar o Budismo de Nitiren. Virei budista em 2009. Hoje em dia, não tenho mais religião, minha fé é plural.
Como equilibrar uma vida noturna com a espiritualidade?
Sei proteger minha energia -eu me blindo até numa pista de dança. Uso exercícios que aprendi nesses 10 anos de autoconhecimento e estudo da espiritualidade. Ensino alguns exercícios no meu curso “Vida Espiritual na Matrix”. É superpossível ser consciente dos próprios atos, ter uma vida conectada e morar nos grandes centros. Agora, é necessário dedicação e disciplina. Com o tempo, a rotina de cuidado consigo mesmo e de amor próprio não se torna mais uma obrigação, e sim um prazer.
Você sempre viveu num meio onde a droga rolava solta. Teve que trocar de turma?
Naturalmente, alguns amigos se afastaram; outros chegaram, sem conflito. Isso acontece quando você se alinha ao espírito: o que tem ressonância se aproxima e o que não tem se afasta. Mas o exercício é não julgar e também não ficar dogmatizando. Fica chato ficar pregando. Eu não sou expert em nada. Me sinto muito feliz e realizada com a minha jornada, minhas transformações e descobertas e percebo que ajudo muita gente a só compartilhar.
Teve alguma recaída nesses anos de aprendizado? O que fazer nesses casos?
Fiquei displicente com a rotina espiritual quando morei em NY, em 2014. Meditava pouco, voltei a comer carne, não lia, não estudava, não fazia retiros. Aí, pronto, as sombras vêm à tona com tudo, e você se vê conturbada de novo. Uma crise em um relacionamento em 2015 (com Luca Bicanchi) me fez buscar de novo o autoconhecimento e, desta vez, abriu o segundo portal para minha espiritualidade com uma força intensa e luminosa. Sinto que, desta vez, não dou mais passos para trás. Realmente troquei de pele.
O que mudou principalmente?
Hoje em dia, sou muito mais doce, menos reativa, mais gentil e amorosa. Sinto que meu coração expandiu e acredito que tenha a ver com amor próprio e autoconfiança. Entender e acompanhar as fases da Lua e me programar de acordo com o que está acontecendo no céu trazem abundância e fluxo. Também entendi que a gratidão é a chave para o paraíso na Terra. Agradecer tudo como está, aceitar o presente e ver sempre o copo meio cheio. É tudo uma questão de perspectiva.
Para uma pessoa que está querendo mudar de vida, quais os primeiros passos?
Aprendi, concordei e acredito que tudo começa dentro da gente. A revolução é íntima. O mal e a beleza do mundo estão dentro de nós. Quando estamos em paz, o nosso olhar muda. Quando nos conectamos com energias evoluídas, atraímos essa vibração. Me sinto confiante sobre o futuro. Óbvio que não vamos viver no paraíso da noite para o dia, mas vai melhorar. Se vai ser na dor ou no amor, depende do processo individual de cada um. Mas é o caminho da Nova Era, da Nova Terra, evoluir e limpar quem não está de acordo com a nova consciência de unidade, compartilhamento e amor incondicional.
Uma última mensagem.
Amo esta frase do Einstein: ‘Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem; a segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre’. Eu já vivi das duas formas, e a segunda é incomparavelmente mais especial.