Marcelo Alves é o nome mais falado do carnaval carioca – para o bem e para o mal, digamos assim. E por uma razão óbvia: é presidente da Riotur. No último dia 3, foram publicadas novas exigências para blocos de rua, no Diário Oficial, o que causou rebuliço entre as associações que defendem a festa. Entre os requisitos, estaria a instalação de UTIs em blocos com mais 5 mil pessoas, mas Marcelo diz que tais pedidos ligados à saúde e segurança já existiam e, ainda, que, logo depois do carnaval do ano passado, fez uma série de reuniões com as associações para garantir a proteção dos foliões. Uma das novidades é que os blocos vão ganhar uma verba de R$ 2 milhões, que serão distribuídos com o critério da Dream Factory, vencedora da concorrência para organizar o carnaval de rua. Nesses desencontros de informações, a coluna conversou com Marcelo para esclarecer as dúvidas.
Por que fazer mudanças no carnaval de rua do Rio há menos de um mês do início da saída dos blocos?
Não houve nenhuma mudança de última hora. Desde 20 de fevereiro de 2018, imediatamente depois do carnaval do ano passado, tivemos 12 reuniões com todos os órgãos envolvidos no evento, para definir o planejamento deste ano. A única mudança foi a exigência do alvará do Corpo de Bombeiros, embasada no Decreto 44.617, de 19/02/2014, do Governo do Estado do Rio, em conjunto com a Resolução SEDEC 083, de 05/01/2016, da Secretaria de Defesa Civil.
Entre as exigências feitas pela portaria, publicada no Diário Oficial da última quinta-feira (03), está a presença de médicos, UTIs e postos de saúde em blocos que atraiam mais de cinco mil pessoas. Isso faz sentido? A Riotur fornecia esse atendimento. Por que não mais?
Não existem exigências no referido decreto. Como disse anteriormente, o decreto do Governo do Estado e a resolução da Secretaria Estadual de Defesa Civil fundamentam tais exigências para eventos públicos, que também se aplicam aos blocos de rua. E continuaremos oferecendo toda a infraestrutura e, atentos às necessidades, a prefeitura aumentou a infraestrutura de saúde, disponibilizando 190 ambulâncias / UTI móvel (60 a mais que em 2018), 380 maqueiros (230 a mais que em 2018) e 4 postos de 85 metros quadrados. Além disso, suporte nos blocos e na Sapucaí, como nos anos anteriores, através da Secretaria Municipal de Saúde.
Como será essa fiscalização/inspeção/vistoria /controle?
Fiscalizar e controlar cabem à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros. O escopo da Riotur inclui realizar as inscrições, formular a lista de blocos e conceder as liberações, em conjunto com os demais órgãos.
Sabe-se também da revolta de moradores com o rastro de sujeira deixado pelos blocos. Há os que alegam a falta de infra da Prefeitura.
A prefeitura cumpre seu papel em todos os eventos do carnaval, que atraem 7 milhões de pessoas aos desfiles dos blocos, e incluem ainda um trabalho nos desfiles na Sapucaí e Intendente Magalhães, Bailes Populares e demais eventos. Acabamos de fazer um réveillon superlativo, com público de 2,8 milhões de pessoas, com plena execução dos trabalhos dos órgãos públicos. Não há paralelo no mundo de eventos que concentrem público tão grande como o carnaval e o réveillon, o que já avaliza a eficiência do trabalho desempenhado.
Vão ser 87 desfiles a menos em relação aos 596 do carnaval anterior (20% a menos na Zona Sul). Acredita que esse número vá aumentar com as novas exigências?
Como dito, as exigências não são da Riotur. Precisamos resguardar a integridade e segurança das pessoas, e não podemos nos sobrepor a uma lei estadual. Não há um número fechado de desfiles visto que ainda estamos na fase de liberação da inscrição preliminar, que se encerra em 17 de fevereiro, quando teremos um panorama mais realista do número de desfiles.
Com os que saem pelas ruas da Zona Sul, em qualquer esquina, o que vai acontecer?
Pequenas reuniões de amigos e manifestações populares, com menos de mil pessoas, terão todos os serviços: banheiros, desvios de trânsito e limpeza urbana. Queremos sempre otimizar e aprimorar a experiência dos foliões.
Você, pessoalmente, gosta do carnaval de rua carioca?
Amo! O carnaval tem a alma carioca, despretensiosa e alegre, uma festa popular que une todos os bairros e classes, atrai turistas e promove o Rio mundialmente.
Essas burocracias não descaracterizam a festa carioca?
Todo grande evento precisa de responsabilidade para ser realizado, não só por parte do poder público mas também dos participantes. É necessário que haja uma consciência do folião sobre a preservação do patrimônio público, respeito aos moradores que não participam da festa, zelo pelo trabalho de limpeza realizado pela Comlurb. O carnaval é sinônimo de alegria, e não motivo para problemas.
Quais as novidades da Riotur para o carnaval 2019?
São muitas. Haverá aumento na área da limpeza urbana, da segurança, da proteção aos foliões; os moradores foram envolvidos ao longo de todo esse tempo de planejamento nas reuniões e nas redes sociais, ou seja, foram ouvidos e realmente tiveram voz pela primeira vez. Outra novidade é que os megablocos vão ter seu espaço no Centro da cidade e contam com a proteção do poder público, que pretende causar o menos de interferência possível no trânsito e nos aeroportos, para que a cidade possa viver a alegria do carnaval. Nosso foco são alegria e segurança para todos, tanto para os que estão se divertindo quanto para os que optarem se ausentar da festa. A cidade precisa funcionar; moradores e trabalhadores precisam circular. Outra notícia superpositiva é que R$ 2 milhões serão destinados aos blocos, de acordo com critério da Dream Factory. Então planejamos um evento superlativo, atraente, seguro e com um calendário ativo desde o início de fevereiro. O público não ficará decepcionado!
Foto: Al Hamdan/Divulgação