A morte de Zé Hugo Celidônio, nesse domingo (02/09), depois de um mal-estar que sentiu na pizzaria Ella, no Jardim Botânico, deixa arrasados não só aqueles ligados à gastronomia como também muitas gerações cariocas que o admiravam além do seu talento como chef. E não era pela ausência de uma certa pretensão característica, principalmente dos franceses da mesma profissão ou pela sua leveza nos salões, ou pela sua carioquice nata (entre tantas qualidades). Penso que, mais que tudo, pela sua alegria profunda de viver – era daqueles que se comportavam como se jamais fosse morrer. Eu sempre dizia: nas contas do Gourmet, o humor não vem cobrado – o que seria das contas se fosse incluído?
O chavão “partiu dessa pra melhor” há de fazer sentido com esse “cozinheiro”, como gostava de ser chamado, que parte deixando de ensinar (teria como?) o que é simplicidade com sofisticação, exercitado por anos, desde 1964, quando veio de São Paulo para viver no Rio. Em todas essas décadas, ele foi dono de restaurantes, como Sol e Mar, Flag e, desde 1980, Clube Gourmet, originalmente aberto de cara pro cemitério São João Batista (a vista em frente ao famoso endereço nunca comprometeu seu sucesso); e atualmente, no Lagoon. Sorte temos nós que não pegamos a época de todos esses restaurantes, mas que ainda tivemos a oportunidade de conviver com Zé Hugo, que juntou a gastronomia francesa e a brasileira (além de tanta gente bacana em volta de suas mesas), surgindo daí um casamento feliz, tanto quanto o seu com Marialice.