“Chico Buarque é o melhor patrão, mas ele não gosta muito de ouvir isso não (ser chamado assim)”, disse Chico Batera, integrante da banda do compositor há 44 anos, em bate-papo para a série Depoimentos para a Posteridade, do MIS, em homenagem à bossa nova, nesta quarta-feira (05/09), no Centro. “Fui apresentado ao Chico pelo pessoal do MPB4. Tinha acabado de chegar dos Estados Unidos e mal sabia quem era Chico Buarque, nem sua importância como músico e cidadão; isso foi em 1964. E foi quando aprendi o motivo de suas músicas serem censuradas. O Chico, com sua esperteza, me fez admirá-lo logo no início”, disse Batera, que está comemorando 57 anos de carreira.
O músico, nascido em Madureira, já rodou o mundo com Cat Stevens, gravou com Frank Sinatra, The Doors e Joni Michel. Mas foi no Brasil que conheceu seus ídolos, no Beco das Garrafas, na década de 60, onde fez escola com Milton Banana, Edison Machado, além dos amigos Luizinho Eça, Johnny Alf, Sérgio Mendes, Tom Jobim. “Antigamente tinha uma barreira entre os músicos que estudavam (e andavam de ternos) e a turma da bossa, que usava jeans. A bossa era bem Zona Sul e o ambiente, elitista. Se falasse em Madureira, de onde eu vim, não sabiam nem onde era. Mas acho que o gênero foi a melhor coisa que aconteceu no Brasil. Elevou a classe musical. Não sei o motivo de muitos terem vergonha de dizer que são da elite, porque isso é uma coisa boa se usada com sabedoria. Eu adoraria ter nascido rico.”