“Hoje acordei com uma notícia muito comum na vida de todo ativista de Direitos Civis e Humanos. Infelizmente, uma notícia quase corriqueira: mais um de nós foi assassinadx! (com x mesmo, por ser de gênero neutro).
Matheusa Passareli, conhecida como Theusa, era Ativista LGBT, como eu. Era negra, estudante de Artes da UERJ, primeira de sua família a ingressar em uma universidade. Theusa foi executada e queimada em uma favela carioca. Infelizmente, será mais um número em uma estatística assombrosa.
Em 2017, o Brasil ganhou o triste campeonato de país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Além da violência generalizada, quase banal nas cidades brasileiras, há um outro tipo de crime que assola o Brasil. Os chamados “crimes de ódio” têm índices alarmantes, sem que nenhuma política pública seja adotada para contê-los.
Noventa por cento das travestis e transexuais que se prostituem nas ruas do Rio gostariam de estar inseridas no mercado formal de trabalho. Apesar da qualificação profissional, não conseguem emprego. Por quê? Por puro PRECONCEITO!
Quantos de nós já viu, no seu dia a dia, uma pessoa trans exercendo a arquitetura, engenharia, advocacia, psicologia? Trabalhando numa loja, escritório, num restaurante ou hotel? Fazendo serviço doméstico? Acredito que poucos ou ninguém conheçam um exemplo como esse, pelo simples fato de que as pessoas trans vivem à margem da sociedade.
Quando pensarmos no que podemos fazer para mudar essa realidade, inclusão é a única saída. Não será permitindo o discurso (nazista) do ódio contra minorias, especialmente como projeto eleitoral, que teremos um país mais justo para todos, independentemente da orientação sexual, credo, raça ou cor.”
Carlos Tufvesson é estilista e ativista.