Agora, em 2018, faz 10 anos que David Lynch esteve no Brasil com a intenção de levar às escolas a técnica da meditação transcendental, como fez em outros países. O cineasta, autor do livro “Em águas profundas – Criatividade e meditação”, rodou por quatro capitais em nove dias. Em 2008, o americano disse que esse era um sonho seu e declarou que isso ajudaria a livrar nosso país da violência.
No ano seguinte, a conversa do projeto para a inserção da meditação numa parceria com a Fundação David Lynch, que está à frente do mesmo trabalho em mais de 100 escolas nos Estados Unidos e na Europa (dados de 2009), seguiu com a secretária de Educação à época, Tereza Porto, que falou da sua intenção de levar a MT a mais de 1,5 milhão de alunos, nas 1.500 escolas da rede. E no que deu? Em absolutamente nada.
Os governantes nos fazem imaginar que têm pensamentos opostos ao de Lynch, dando a impressão de que violência se resolve com violência. Não deixou de ser surpreendente saber, em matéria do jornalista Antônio Werneck, de O Globo (novembro de 2017), que a Secretaria estadual de Educação estava levando um projeto inédito ao Colégio Estadual Jornalista Maurício Azêdo, no Caju, com aulas de meditação na grade curricular. Trouxe um certo ânimo para quem tem ideia da importância dessa prática na vida de todo mundo e, ainda, um respiro de alívio ao pensar que o prefeito (junto ao secretário de Educação, Cesar Benjamin), tão ausente, se faria presente de alguma maneira – e por muito tempo. Deu em alguma coisa? De jeito nenhum! Segundo a professora Rose Neves, “despediram-se e nunca mais voltaram”.
Algo assim passaria pela cabeça de Braga Netto, o general à frente da intervenção federal? Na intimidade, ele, Pezão e outros desse perfil podem até rir dessas ideias. Talvez desconhecendo que um estudo em Harvard descobriu que os participantes de um curso de Meditação de apenas oito semanas tinham mais massa cinzenta nas áreas do cérebro associadas à autoconsciência e à compaixão, enquanto, na área associada ao estresse, diminuía. É o que diz o professor carioca Klebér Tani, um dos diretores da Sociedade Internacional de Meditação: “Quando praticamos meditação transcendental, os estresses são eliminados, a força da vida aumenta pelo fortalecimento do sistema nervoso, e a calma sobrevém.”