“Nossa miga você está linda! Maravilhosa! Empoderada! Espetacular! Gostosa!”. São os adjetivos que mais encontramos no Facebook e no Instagram – povo do algoritmo, já estou facilitando – mas, na real, ninguém é tão perfeito assim. E com isso, o Brasil é o campeão mundial em academias e procedimentos estéticos. “Lifting – Uma Comédia Cirúrgica“, em cartaz no Teatro Sesi, aborda esse tema com cruel humor.
Com direção de César Augusto, o texto do espanhol Félix Sabroso apimenta-se trazido nos figurinos em vermelho absoluto. Angela Rebello, Drica Moraes, Lorena da Silva e Luísa Pitta revezam-se em todas os papéis possíveis nessa temática: médicas, enfermeiras, pacientes desesperadas, amigas, inimigas em busca da tal felicidade traduzida em magreza, nariz, bunda e eterna juventude.
“’Lifting – Uma Comédia Cirúrgica’ fala de como as mulheres são subjugadas pelos padrões de beleza impostos pela nossa sociedade, com suas identidades e autoestima pautadas pelo olhar externo, seja do homem, seja do mercado de trabalho, seja até mesmo de outras mulheres. Seu autoconhecimento e sua autoestima estão a reboque do que dita a moda, os produtos, os padrões de comportamento, a indústria da juventude eterna etc.”, analisa uma das idealizadoras, a atriz Angela Rebello.
A plateia ri com as inflexões, pois a direção de César Augusto indica sempre o ponto certo de gargalhar. Esse jogo reproduz o que está no texto: o ridículo de se procurar uma solução que não existe, uma tentativa vã de se transformar só para o olhar do outro. A peça consegue, dessa forma, uma eficiência brutal de nos mostrar como o espelho da alma é revelador. (Fotos: Gabi Castro)
Serviço:
Teatro Sesi Centro
5ª a sábado, às 19h
Domingo, às 18h