Anitta, Pabllo Vittar, Jojo Todynho e Bruna Marquezine têm um amor em comum: o estilista Amir Slama. Vira-mexe-remexe, Anitta está usando uma estampa de onça, um dourado ou um rosa-choque, além do biquíni “tapa-bico-de-peito” – desfilado na última edição da SPFW, em agosto passado, inspirado nos anos 50 e nas vedetes brasileiras. A funkeira Jojo aproveitou a fama repentina e chamou Amir para dar um tapa no visual durante o carnaval – usou um figurino de R$ 40 mil no Baile da Vogue. “Me inspirei nas negras dos anos 80, como Tina Turner, e no movimento black power”, disse. Marquezine foi o sucesso do Bloco da Favorita, na Praia de Copacabana, com um sutiã, também “tapa-bico-de-peito” de pedraria.
As novas clientes mostram que a moda para Amir não tem fronteiras ou classe social. O criador da Rosa Chá – famosa por seus biquínis e maiôs – tem sua marca autoral e homônima desde 2009, com lojas em São Paulo e no Rio. Formado em História, ex-garçom e barman, Amir é atento a tudo o que acontece, inclusive na mudança na moda. “Os tempos são outros. Eu mudei, e o mercado mudou. Hoje, quem manda é o consumidor. Estou próximo do meu consumidor final. Ele é o grande personagem”, explica ele, naquele seu jeito de ser, sempre sereno e seguro.
Você tem vestido Anitta, Jojo Todinho, Pablo Vittar, o que não deixa de ser uma novidade em sua vida. Há poucos anos, via-se vestindo cantoras de funk? Você se vê como o estilista queridinho das funkeiras?
Comecei fazendo alguns looks com a Anitta e depois a Jojo. Andando nessa área musical. tenho feito bastante coisas com esses artistas.
Você mudou de perfil?
Na verdade, dei um pouco mais de exercício ao processo criativo. Pensando nas últimas coleções, acho que tudo anda com uma veia comercial mesmo, até pela própria situação do País.
Quais referências você busca para vestir mulheres em cenários que você não frequenta, como as favelas, por exemplo?
Na realidade são do meu momento mesmo. Ando revendo musicais, minha última coleção foi muito década de 50. Me inspiro também nas cantoras negras dos anos 70.
Você se considera ousado?
O que não era usado há alguns anos hoje é extremamente comercial. A primeira coisa que vem à minha cabeça é que gosto do novo, sempre em busca dessa resposta do consumidor, tentando traduzir as vontades.
Tem um pé na carioquice? As quebradas de São Paulo são outras, não é?
Acho que a gente teve um pouco essa separação, mas vejo a moda como muito brasileira. Tento traduzir essa sensualidade nossa, pra mim não existe fronteira regional. A nacionalidade tem muito a ver com a sensualidade tanto da mulher quanto do homem.
Existe diferença de público para suas roupas?
Pra mim, independentemente de região, tanto no Brasil quanto no mundo: Rio, São Paulo, Nova York…..
No carnaval quase tudo é permitido, principalmente no Rio. Este ano suas peças ficaram mais, digamos, sensuais, como o figurino de Bruna Marquezine no Bloco da Favorita. Essa repercussão atinge que público?
Só tampava o miolo do busto, o que também é uma releitura das vedetes anos 50. Atualmente, a mulher tem uma coisa feminina mais autêntica, um grau de independência maior. O público que procura a moda para se comunicar vai muito além de se proteger do frio ou do calor.