Caetano Veloso abriu o show dessa quinta-feira, “Caetano Contra a Censura”, para ajudar a trazer ao Rio a exposição “Queermuseu” na EAV do Parque Lage, com um protesto contra o assassinato da vereadora Marielle Franco. O artista começou com “Milagres do povo” e explicou a razão depois de dizer que fazer uma crítica pessimista do Brasil não é o que lhe agrada: “Nós tínhamos combinado de vir para celebrar a inauguração da Queermuseu no Rio, mas o tom da apresentação mudou, por isso quis abrir com “Milagres do povo”, que vai ao centro dos problemas da sociedade brasileira, com a incapacidade de superar a escravidão”, disse Caetano. O show seguiu, e ali todos pareciam atingidos, de algum modo, pelas suas palavras.
Algumas criaturas passaram a gritar no meio das músicas, como a atriz Maria Casadevall, que, a cada respiração do Caetano, gritava “Fora Temer” ou “Marielle Presente”. Não que Marielle não estivesse presente; estava em todo mundo, mas era uma das poucas conhecidas a protestar no auge das músicas – ainda assim, o show seguiu lindo. E entraram Marisa Monte e Maria Gadu – o público adorou.
A certa altura, algumas pessoas que não estavam pagando pelo espetáculo – beneficente, tá? – falaram que entrariam de qualquer maneira e que não iriam “pagar para protestar”. Em dado momento, rolou uma euforia do lado de fora. Antes disso, o leilão, com doações de vários artistas, foi silencioso, como uma homenagem a Marielle, em vez de ser em viva voz, com os trabalhos expostos nas Cavalariças, onde deve ser a remontagem “Queermuseu”. Alguns chamavam ali de”leilão de parede”, com os lances anotados. Metade dos lotes oferecidos foram vendidos, com arrecadação de mais de R$ 300 mil. Fabio Szwarcwald, diretor da EAV, estava animado. O leilão segue on-line. Segundo Jones Bergamin, da Bolsa de Arte, as ofertas seguem. Por fim, muita gente caiu na piscina coberta de bolas coloridas. Veja fotos.