O jornalista e escritor Claudio Bojunga vai receber, nesta terça-feira (05/12), o Prêmio Senador José Ermírio de Moraes, da Academia Brasileira de Letras (ABL), pelo livro “Roquette-Pinto, o corpo a corpo com o Brasil“. A sessão, às 16h, será no Salão Nobre do Petit Trianon.
Claudio Bojunga, que é neto do biografado, dedicou-se por três anos à pesquisa do livro. Ele se formou também em Direito e estudou Política Internacional no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Trabalhou como repórter, redator, crítico e correspondente internacional. Foi editor especial da revista Veja, diretor de jornalismo da TVE e editorialista do Jornal do Brasil. Escreveu o texto do filme “Os anos JK”, de Silvio Tendler, entre tantas outras coisas. Ganhou o Prêmio Jabuti em 2002, por sua biografia “JK, o artista do impossível”. É, ainda, professor da PUC-Rio, por 15 anos.
[top5] numero:1 [f] titulo: O livro sobre seu avô Roquette-Pinto trouxe muita emoção da infância? [f]
desc:”Tinha quase 15 anos quando ele morreu. Descrevo com emoção a cena que testemunhei do Marechal Rondon, quase cego, beijando a testa do amigo morto e dizendo: “Até breve”. O último capítulo do livro trata de minhas evocações pessoais de infância e juventude. Fala de um homem ao mesmo tempo já renomado, mas despojado, de um empreendedor modesto recurvado pelo reumatismo, com seu “pince-nez” e seu charuto, vivendo num apartamento atulhado de livros e exalando um amor imbatível pelo país. É emocionante a frase de Carlos Drummond de Andrade: “Homens como Roquette-Pinto nos ensinam a ter esperança no homem.” [/top5]
[top5] numero:2 [f] titulo: Como você se sente ao ser premiado poucos meses depois do lançamento do livro? [f]
desc:”Feliz por ter feito justiça a um brasileiro exemplar. Tomo o prêmio como reconhecimento do meu esforço, mas também como homenagem à obra-mestra dele, “Rondônia”, trabalho antropológico de campo precursor junto aos parecis e aos nambiquaras, cuja edição comemora este ano seu centenário. No discurso de posse, como sucessor de Roquette na Academia Brasileira de Letras, o crítico Álvaro Lins afirmou que “Rondônia” representou para os indígenas o que “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freire, representou para os afro-brasileiros. É gratificante ajudar a revalorizar esta obra – menos conhecida do que a do “Pai do Rádio.” [/top5]
[top5] numero:3 [f] titulo:É verdade que Roquette-Pinto fazia sucesso com as mulheres? [f]
desc:”As moças de hoje que veem a foto da capa do meu livro – que o mostra na expedição de 1912 enlaçando indiozinhos nambiquaras – comentam invariavelmente como ele era bonitão e – curiosamente – um bonito “moderno” já naquela época. Imagine as moças do tempo dele como reagiam! Ele se formou em Medicina aos 22 anos, foi professor delas ainda rapaz, tinha uma voz envolvente e era arrebatado pela natureza e pelo país. Diria que seu culto pelo sexo oposto foi menos sublimado do que o de Augusto Comte. Só podia ter dado muito trabalho a minha querida avó.” [/top5]
[top5] numero:4 [f] titulo:Seja mais direto sobre essa parte tão pouco falada da vida de Roquette-Pinto [f]
desc:”No livro, dou uns toques sobre isso. Sim, meu avô era muito sedutor, ainda mais cercado de alunas. Não sei se ele se aproveitava por ser professor; acho que não – as meninas é que se sentiam muito atraídas por ele. Fazia muito sucesso, e não era esse sucesso frívolo. Era um homem “incasável” até porque não tinha tempo pra nada. Era um cientista cheio de projetos, acordava de madrugada pra escrever, um homem de ação, que corria riscos até na selva – e isso é muito romântico. Minha avó disse a uma prima que ela não pertencia a esse mundo dele, de quem se separou nos anos 20. Roquette-Pinto era sensual, era namorador, era sedutor, era mulherengo. Ih, ele vai pensar: esse meu neto está me entregando!” [/top5]
[top5] numero:5 [f] titulo:Aponte alguma diferença entre homens públicos como seu avô e os que estão aí hoje [f]
desc:”Atualmente só vemos rapinagem na política e falta de espírito público; a rapinagem suplanta o civismo. São homens que só querem tirar vantagem do país. O Brasil não precisa de heróis, precisa de exemplos.” [/top5]