Os games estão em alta. Palavras. Realities. Sexuais. Palavras. Trocadilhos. Sempre trocas. Mudança de lado, de expectativas, de gênero… e, sobretudo, de parceiros – tem-se um aqui; daqui a pouco, aparece outro. E vira máxima: “entre le deus, mon coeur balance”. Tudo o que há Flora, no Teatro Ipanema, vai brincar justamente com isto: como resolver um jogo com uma dama e três valetes.
Com o texto afiado e instigante de Luiza Prado, a história de Flora, seu namoro com dois irmãos, um marido ex-machina, parece-nos algo meio ilustração da década de 50, meio novela de rádio, meio quadrinhos, uma brincadeira com um grau de hiper-realidade mas, ao mesmo tempo, pura fantasia, seja no que vemos, seja no desenvolvimento que, às vezes, não passa do imaginário da protagonista.
“Direcionar a experiência que tive ao escrever roteiros que exigiam uma sólida estrutura foi, de fato, um facilitador e um norte quando deparei com as incontáveis possibilidades de explorar, no universo teatral, a incomunicabilidade humana e as dimensões de personagens extremamente solitários”, comenta a autora Luiza Prado.
Com direção de Daniel Herz, que intensifica o absurdo do quiproquó que é a linha-mestra do texto, vemos as ótimas interpretações de Leila Savary, Rainer Cadete, Lucas Drummond e Thiago Marinho, num crescendo em quel uma mulher se atrapalha entre cumprir o abafado roteiro de dona de casa cujos desejos oscilam entre uma enceradeira e o fogo da paixão dos amantes. E, aí, só nos resta dizer: “Ai, que absurdo!!!!
Serviço:
Teatro Ipanema
Sábados às 21h
Domingos e Segundas às 20h