Estamos ouvindo o nome de Lúcio Funaro há alguns dias, com tantos políticos podendo ser atingidos pela sua língua, neste feriadão e na próxima semana, certamente, ainda mais, principalmente depois de ele ter declarado à Veja que o presidente Michel Temer teria recebido R$ 13,5 milhões em propina – segundo trechos da colaboração premiada obtidos pela revista, que está indo às bancas. Baseado na publicação, Funaro afirmou nunca ter conversado sobre dinheiro com Temer; de jeito nenhum, as informações teriam sido passadas pelo deputado cassado Eduardo Cunha. Muito mais coisa de parte da cúpula do Governo vem por aí, segundo o jornal O Globo. No entanto, o que quero falar aqui está bem à vista para quem quiser: preste atenção nas imagens do doleiro: cada dia mais encurvado, para um homem de 42 anos. Isso quer dizer alguma coisa. É o peso da culpa, do impudor, do remorso, parte por ter feito delação (supondo que esteja falando a verdade, descrevendo uma série de atos que vão contra a ética ao revelar a desonestidade), o que, na maioria dos casos, vai parar como uma cruz em cima dos ombros de quem jamais se viu no papel de dedo-duro, até descobrir que ou é isso, ou passar muitos anos atrás das grades. Daí em diante, o pesar passa mesmo a pesar também no físico. É como se, no espírito daquela pessoa, fosse formando-se um tribunal silencioso que julga, acusa e dá a pena, de si pra si – e quando se apresenta dessa forma, todos são indefesos. O elevado conceito que a criatura tinha de si mesma vai ao chão. Talvez também algum arrependimento? A realidade é que postura física fala muito – linguagem ou mecânica corporal, neste caso, bem acentuada. O autoperdão pode ser a única saída para Funaro ou qualquer corrupto sair da aparência-física-de-circunstância, voltando a encontrar a postura que sempre teve.