A morte da atriz Jeanne Moreau, divulgada nesta segunda (31/07), abalou muito o cineasta Cacá Diegues, que a dirigiu no filme “Joanna Francesa”, em 1973. “Soube pela manhã e até agora não estou conseguindo entender. Disse na mesma hora para minha mulher, Renata: o cinema morreu”, contou Cacá, que manteve amizade com Jeanne – eles se falavam por e-mail. Em 2009, quando a atriz foi homenageada pelo Festival do Rio, o cineasta foi seu cicerone na cidade carioca e levou-a até o Vidigal, para conhecer o grupo de atores do Nós do Morro.
Antônio Pitanga, que participou do filme “Joanna Francesa” fazendo o papel de um colunista social, comentou: “Cacá materializou todo o desejo de uma geração de cinéfilos. A gente delirava de entusiasmo com a participação de Jeanne, uma pessoa intelectual, com posições políticas focadas, que fez todos nós bebermos nessa fonte de beleza e qualidade do seu trabalho”. Pitanga sorri quando lembra da cena em que a personagem de Jeanne, dona de um bordel que foi morar com um fazendeiro de engenho em Alagoas, faz o empregado Gismundo de cavalo: “O Eliezer Gomes era enorme, tinha trabalhado no ‘Assalto ao Trem Pagador'”, conta Pitanga sobre a cena, que tem uma carga erótica implícita.
A trilha sonora também foi outro marco, com a belíssima música-título de Chico Buarque cantada pela própria Moreau, com trechos em francês e português, que Jeanne, aliás, ainda segundo Diegues, aprendeu com muita facilidade.
O presidente da França, Emmanuel Macron, lamentou no Twitter e resumiu bem o sentimento dos cinéfilos de todo o mundo: “Lenda do cinema e do teatro, Jeanne Moreau foi uma artista compromissada no turbilhão da vida com um liberdade absoluta”.