Ricardo Amaral, empresário e produtor cultural que grande parte dos cariocas pensa conhecer a fundo, ainda tem histórias para contar. Algumas dessas passagens da sua vida pouco sabidas ou ignoradas foram gravadas, nessa quarta (26/04), para a série “Depoimento para a Posteridade” do Museu da Imagem e do Som. Entrevistado pelos jornalistas Renato Lemos e Liliana Rodriguez, pelo produtor Mauro Rychter e pelo secretário de Estado de Educação Wagner Victer, Ricardo não só falou do passado, como também dos seus projetos futuros.
Sobre ser considerado o rei da noite:
“Quem começou com isso foi o Chacrinha. Depois, com o passar do tempo até achei chato e pretensioso, nunca quis assumir esse papel. Mas depois relaxei, embora não estimule o título”.
A amizade e parceria profissional com Boni:
“Em 2014 e 2015 lançamos dois guias de sucesso, sobre os melhores restaurantes do mundo. A ideia veio quando jantamos no premiado Noma, em Copenhagen. Boni é o tipo de pessoa que praticamente tem um orgasmo quando abre uma boa garrafa de vinho. Ele não economiza em seus jantares com amigos. Entre os projetos em andamento, estamos nos preparando para lançar a terceira edição deste guia, ainda este ano”.
As primeiras incursões na vida de empreendedor:
“Minha história no jornalismo começou cedo, no jornal Shopping News, onde fui demitido por conta de uma matéria sobre as mulheres bonitas paulistanas, que estavam à caça de maridos ricos. Mas logo depois, com apenas 22 anos, conheci Samuel Wainer, uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ele foi um grande amigo. Mesmo sendo bem mais jovem que ele, éramos parecidos em muitos aspectos. Cheguei a morar um tempo em sua casa aqui no Rio, logo que me mudei para cá. Ele tinha se separado da Danuza (Leão). Éramos somente ele, eu e o mordomo. Nossa amizade causou muito ciúmes por aí”.
Ao ser perguntado se o sucesso tem receita e glamour no Rio:
“Os caminhos do sucesso nunca são exatos, não existem fórmulas. A obstinação é um caminho para o sucesso. Sobre o público de hoje em dia posso afirmar que ele é completamente infiel. As coisas mudam, as opções são grandes, por isso é preciso sempre inovar. E também acredito que ainda exista glamour no Rio, mas ele mudou inteiramente. Hoje as festas têm caráter mais comercial, são raros os grandes eventos, aquela coisa de salão. Só acho que a manifestação é diferente, atualmente”.
Ricardo, que há anos realiza a feijoada mais famosa de abertura do carnaval carioca, ainda confessou que detesta feijão. “Nunca comi feijão preto, o branco ainda vai”. Às vésperas de reinaugurar a boate Hippopotamus em Ipanema, Amaral já tem outros planos: “Penso muito em expandir, daqui a um tempo, a Hippo em São Paulo e Belo Horizonte”. À frente dos restaurantes do Vogue Square, na Barra, Ricardo disse que já teve convites no Rio e em outros Estados para desenvolver curadoria para centros gastronômicos. E tem, também, um projeto tecnológico de conteúdo com venda online. “Isso é o futuro do comércio”, previu, finalizando o depoimento de três horas.