Tomou tom de revolta nas redes sociais a carta que o professor de Português Júnior Santos, de 24 anos, e seu namorado, o servidor federal Maycon Aguiar, de 23, receberam no condomínio de casas, onde vivem, em Vicente de Carvalho, Zona Norte do Rio. O casal, junto há cinco anos, ficou perplexo ao ler frases homofóbicas, dizendo que “gente afeminada” não está no nível dos que moram lá. Que tal? Carlos Tufvesson, ex-coordenador da Secretaria da Diversidade Sexual do Rio (na gestão Eduardo Paes), foi um dos que ofereceram ajuda ao casal.
“Hoje volto a agir como cidadão da sociedade civil, mas não descarto abrir uma fundação para que cidadãos como eu possamos, juntos, estar na luta contra a intolerância”. E continua: “Não podemos admitir em nosso país índices de ódio cada vez mais altos e pessoas cada vez mais acintosamente se julgando no direito de prejudicar a vida de outros, se sentindo acima da lei. Minha intenção é dar uma atenção técnico-jurídica, como sempre foi minha atuação na militância.”
O advogado Ricardo Brajterman, membro da Comissão de Direito Homoafetivo da OAB, levou o caso, na manhã desta quarta-feira (25/01), ao conhecimento da presidente da comissão, Raquel Castro, o vice, Henrique de Carvalho, e da advogada da Rio Sem Homofobia, Giowana Cambrone Araújo. Júnior e Maycon vão ser recebidos, nesta quinta (26/01), na Rio Sem Homofobia.
“A missão da OAB vai ser apurar os motivos que levaram a 27ª delegacia se recusar a fazer o registro do caso, porque, segundo eles, não há provas, sendo que o trabalho deles seria investigar. Queremos saber se eles estão agindo da mesma maneira em relação a outros crimes, porque isso reflete uma omissão do Estado muito grave”, diz Brajterman. “Todos os dias ficamos sabendo de crimes bárbaros contra pessoas LGBT, não é crível que uma delegacia se recuse a fazer um boletim de ocorrência”, finaliza.