Considerado um dos maiores poetas brasileiros, Ferreira Gullar morreu por volta das 10h deste domingo (04/12), aos 86 anos, no Copa D’Or, de insuficiência respiratória por causa de uma pneumonia que teve há 20 dias. Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2014, seu velório não poderá ser na sede da instituição: todo o quarteirão da ABL, no Centro do Rio, está sem luz, em razão de uma manutenção que está sendo feita pela Light. Por isso, a Biblioteca Nacional foi escolhida como alternativa.
Intelectual que atuou nas mais variadas frentes – foi crítico de arte, artista plástico, escritor de livros infantis, tradutor e colaborador de novelas e séries da Globo – Gullar deixa viúva a também poeta Claudia Ahimsa. Sobre a morte, o poeta falou várias vezes, abertamente, inclusive a respeito da morte de seu filho Marcos, que era esquizofrênico. “Eu vou morrer, né? Todo mundo morre. A consciência de que você é perecível, mortal. Isso é uma coisa. Outra coisa é a morte real, perder um filho. Não é teoria, o conceito de que se morre. Não. É perder seu filho. É diferente. Perder um amigo querido. É pesado, difícil. Mas a vida é isso”.
Aparentemente não muito efusivo nas demonstrações de carinho, para os amigos e conhecidos era muito generoso, gostava de ajudar. Disse o irmão, Newton, numa entrevista à Folha: “Se alguém perto tem problema, é problema dele também”. Gullar também falou sobre a vida: “O sentido da vida são os outros. Você trabalha para os outros, cria para os outros… Não só para teu filho, teu amigo, mas para todos os outros. É o sentido que eu acho que a vida tem”. Numa das Flips, provocou polêmica quando disse: “Eu não quero ter razão, eu quero é ser feliz”. Ano passado, recebeu várias homenagens pelos seus 85 anos. Da filha Luciana teve oito netos e sete bisnetos.