Desde que o filme “Pequeno segredo” foi anunciado, segunda-feira (12/09), como o escolhido para representar o Brasil na disputa ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, não é só o diretor David Schürmann que está no meio de um furacão, mas seus atores principais, também. Foram muitas as críticas dos cineastas que tinham possibilidades — Guilherme Fontes (do elogiado ‘Chatô’), um dos mais, digamos, contundentes, já retirou o post do seu Facebook em que criticava fortemente o filme e o substituiu por outro, desejando boa sorte a David.
Marcello Antony é um dos protagonistas, mas passou na entrevista, pela sua entonação de voz, alegria, delicadeza e serenidade. O ator, que fez sua última novela em 2013, “Amor à vida”, interpreta Vilfredo Schürmann, o pai do cineasta. Júlia Lemmertz vive Heloísa, a mãe. A história é a da adoção, pelo casal, da menina neozelandesa Kat, que herdou da mãe biológica o vírus HIV e morreu em 2006, aos quase 14 anos.
A família Schürmann também é muito conhecida no meio náutico: eles foram os primeiros brasileiros a fazer a volta ao mundo num veleiro. Pela confiança e otimismo de Marcello Antony, o filme deve ir no mesmo caminho?
(Foto de: André Schliró)
É grande a emoção de participar de um filme que poderá representar o Brasil no Oscar?
“Ah, é muito bom. Quando eu estava fazendo o filme, pela história, pela energia, pela equipe, achei que poderia chegar a esse patamar, sabia disso, tive essa sensação desde as filmagens. À época comentei com algumas pessoas. Ter chegado até aqui já foi um grande passo. E vamos começar a divulgação internacional, já tem muita gente a fim de apoiar o filme lá fora – uma galera pesada.”
Fale sobre as críticas que o filme vem recebendo, principalmente as negativas…
“Num país democrático como o Brasil, com redes sociais bombando, as críticas são de todos os tipos, são 220 milhões de pessoas, elas sempre existirão. Ninguém assistiu ao filme ainda, fica sem fundamento falar mal do que não viu, fico sem entender. Essas críticas criam uma imagem tão ruim, que pode ser até bom no futuro próximo: quando as pessoas chegarem ao cinema, vão dizer: “Uau!”. Me lembra as críticas que a Heloísa (Schürmann) recebeu ao adotar a Kat, uma criança soropositiva, algumas do tipo: ‘Você vai adotar uma criança que vai viver seis meses?’ (viveu 13 anos) ou ‘Se eu soubesse que a sua filha tinha Aids, não deixaria ela brincar com a minha’. Tenho a mesma postura dela, não ligar e seguir em frente. Não sou atingido por essas críticas. Faço prevalecer o bom senso. Vá ao cinema e tire sua conclusão”.
E o ambiente das filmagens, como era?
“Esses dois meses que passei em Lagoa da Conceição e Praia Mole (Florianópolis) foi um dos momentos mais importantes da minha vida profissional. Não é à toa que é chamada de ‘A ilha da magia’ – faz todo o sentido”.
Foi dito também que o filme se adequa mais a uma visão conservadora americana, é verdade?
“Se for assim, que bom. É filme para ir pro Oscar, então; se não, ‘Tropa de Elite’ (que eu considero um grande filme) teria ido”.