De repente, está em todo lugar: no Face, no Instagram, na TV, no salão… em todas as conversas. Fora a cultura do estupro! “O Corpo da Mulher como Campo de Batalha” retrata uma história que vai além de narrar casos de estupro. Expõe o terror e o horror da impunidade, da covardia, da solidão feminina, da total falta de amparo. E, sobretudo, da inexistência de alguma punição.
O inédito “O Corpo da Mulher como Campo de Batalha”, de Matéi Visniec, mostra o encontro de duas mulheres que se conhecem depois do conflito bósnio: uma terapeuta norte-americana (Ester Jablonski), impotente para utilizar suas técnicas psicanalíticas, e uma bósnia violentada (Fernanda Nobre), que reflete sobre o que lhe aconteceu e como poderá sobreviver. Ambas revelam suas histórias numa tentativa desesperada de encontrar forças para continuar suas trajetórias.
“Descobri, quando vim morar no Ocidente, que as pessoas podem ser manipuladas mesmo em uma sociedade livre e democrática, e que isso pode ser feito em nome da liberdade e da democracia. Descobri que a luta pelo poder pode tornar-se um espetáculo grotesco, que a demagogia tem sutilezas que podem, facilmente, ser confundidas com reflexão filosófica; e que, o que é ainda mais grave: a demagogia casa-se muito bem com os poderes das mídias.”, aponta Matéi Visniec.
Assim, a intensidade das encenações – o forte empenho das atrizes, sem nenhuma concessão a uma interpretação realista – desenha que a vida pode ser ainda mais pesada do que imagina a ficção. São docudramas da desvalia do sujeito na contemporaneidade, em que se veem massivamente os atos mais impiedosos para os quais ainda não conseguimos que alguma hastag encontre solução.
Serviço:
Teatro Poeira
Das quintas aos sábados, às 21h
Domingos, às 19h